Relatório aponta vulnerabilidade regional e possível militarização indireta da Amazônia
O narcoterrorismo está no centro de um alerta encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pela Polícia Federal (PF). O relatório “Desafios de Inteligência – Edição 2026”, elaborado pela Abin, aponta que o avanço do crime organizado transnacional, aliado a fragilidades institucionais e à interferência de potências estrangeiras, pode ameaçar a autonomia política da América Latina.
Segundo o documento, essas vulnerabilidades podem ser usadas como justificativa para intervenções externas, especialmente sob o argumento de combate ao narcoterrorismo. A Abin destaca que sua atribuição é municiar o presidente da República com informações estratégicas para tomada de decisão, analisando temas como segurança de fronteiras, contrabando, terrorismo e operações de contrainteligência.
Narcoterrorismo e risco de militarização da Amazônia preocupam autoridades
O relatório ressalta que a região latino-americana enfrenta pressões externas por alinhamentos políticos e está exposta à exploração de fragilidades internas — como conflitos políticos e a expansão de organizações criminosas — sob pretextos securitários. Embora o documento desclassificado não cite diretamente Estados Unidos ou Venezuela, fontes ouvidas pelo portal Metrópoles afirmam que a Abin tem demonstrado preocupação, em caráter reservado, com movimentos de Washington.
Entre os pontos de maior atenção está a possibilidade de militarização indireta da Amazônia, apresentando-se como iniciativa de proteção ambiental ou defesa de recursos naturais estratégicos. A agência também avalia que o crescimento de mercados ilícitos pode abrir caminho para maior presença estrangeira em áreas sensíveis, como Amazônia, Atlântico Sul e tríplice fronteira.
PF reforça alerta ao Planalto e cita pressões dos EUA na região
A Polícia Federal, em análise reservada compartilhada com o presidente Lula, fez diagnóstico semelhante ao da Abin. Integrantes da cúpula da corporação apontam suspeitas de interesses econômicos dos Estados Unidos por trás de ações militares recentes no continente.
O relatório da Abin relaciona esse cenário a episódios em que tensões internas se sobrepõem à disputa por recursos estratégicos, em um contexto no qual os EUA ampliam pressões políticas, econômicas e militares sobre governos que tentam manter autonomia estratégica.
Nos últimos meses, os Estados Unidos realizaram bombardeios contra embarcações atribuídas a grupos de narcotráfico no Caribe e intensificaram declarações contra o governo de Nicolás Maduro. O presidente Donald Trump afirmou que ataques terrestres à Venezuela podem ocorrer “muito em breve”, classificando o avanço criminoso na região como narcoterrorismo.
A Abin defende que maior integração regional e mecanismos conjuntos de governança podem fortalecer a soberania dos países sul-americanos e reduzir vulnerabilidades diante de potências externas.
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