As emissões de gases de efeito estufa no Brasil caíram 17% em 2024, marcando o segundo ano consecutivo de redução. O país lançou na atmosfera 2,15 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO₂e), contra 2,57 bilhões registradas em 2023. Os dados fazem parte do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgado nesta segunda-feira (3/11) pelo Observatório do Clima, em sua 13ª edição.
A principal razão para o resultado foi a expressiva diminuição do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, que historicamente representam a maior fonte de emissões do Brasil, a chamada “mudança no uso da terra”. Em 2024, as emissões brutas caíram de 1,3 GtCO₂e para 906 MtCO₂e, uma redução de 32,5%, o maior recuo da série histórica iniciada em 1990.
A boa notícia surge às vésperas da Conferência do Clima da ONU (COP30), que será realizada em Belém. No entanto, o anúncio coincide com a recente autorização para a Petrobras perfurar a bacia da Foz do Amazonas em busca de petróleo, o que gerou críticas de ambientalistas e especialistas.
“São boas notícias e [dão] uma ‘elevada de moral’ que o próprio governo não se deu”, afirmou Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, ao comentar o contraste entre os avanços ambientais e a expansão da exploração petrolífera.
Astrini destacou ainda que a redução das emissões coloca o Brasil à frente das grandes economias globais em esforços contra o aquecimento global. O país ocupa atualmente a quinta posição entre os maiores emissores do planeta, segundo levantamento do World Resources Institute (WRI).
O especialista pondera, porém, que a melhora não deve servir como justificativa para retrocessos:
“Mas a queda de desmatamento não é autorização para o Brasil virar petroestado. Não é salvo-conduto”, alertou.
Setor agropecuário também registra leve redução
A agropecuária, segunda maior fonte de gases de efeito estufa no país, apresentou uma pequena queda de 0,7% nas emissões em 2024, totalizando 626 MtCO₂e. O setor responde por cerca de 29% das emissões nacionais.
A principal origem das emissões está na fermentação entérica, o famoso “arroto” do gado, que libera metano (CH₄) um gás 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono em um período de 20 anos, segundo estimativas da ONU.
De acordo com o Observatório do Clima, a redução de 0,2% no rebanho bovino e o aumento das práticas de confinamento de gado ajudaram a conter as emissões. O confinamento permite controlar melhor a alimentação dos animais, reduzindo a produção de metano.
Na agricultura, que representa 31% das emissões agropecuárias, também houve leve queda nas emissões decorrentes do uso de fertilizantes nitrogenados (−3,8%) e da aplicação de calcário (−3,3%) em relação ao ano anterior.
Apesar da queda expressiva nas emissões totais, o Brasil ainda não deve atingir a meta climática prevista para 2025, segundo projeções do Observatório do Clima.
*Com informações da DW
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