A febre Oropouche tem ganhado espaço na mídia pelo aumento do índice de contaminação em diversos estados do brasil. Em 2024, o Ministério da Saúde registrou 7497 casos da doença em todo o país. Destes, 3227 foram registrados somente no Amazonas, o que corresponde a 43% de todos os casos confirmados no Brasil.
O índice de casos confirmados da doença no Amazonas cresceu em 7 vezes quando comparado aos dados do ano passado. Em 2023, 457 casos totais de febre oropouche foram registrados em todo o estado. Já no Brasil, o índice cresceu em 9 vezes em relação a 2023.
O que é febre Oropouche?
A febre Oropouche é uma doença viral causada pelo vírus de mesmo nome, que pertence à família Bunyaviridae. A doença recebeu esse nome devido à sua primeira identificação na região de Oropouche, no estado do Pará, em 1961.
Na ocasião, um surto febril que afetou várias pessoas naquela região chamou a atenção das autoridades de saúde, e o caso chegou a ser investigado pelos médicos Dr. Karl Herbert Andrew Travassos da Rosa e Dr. Américo D’Andrea, que conseguiram isolar e identificar o vírus presente no sangue de pessoas infectadas.
A Febre Oropouche é endêmica em várias regiões da América do Sul, com foco principal na bacia amazônica. Os surtos ocorrem periodicamente, muitas vezes associados a condições ao período de aumento das chuvas amazônicas. O Brasil tem sido o epicentro da doença, mas casos também foram relatados em outros países sul-americanos, como Peru, Bolívia, Colômbia e Venezuela.
Transmissão
De acordo com o Ministério da Saúde, existem dois tipos de transmissão da doença:
- Ciclo Silvestre: Os animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquitos também podem carregar o vírus – em especial o maruim ou mosquito-pólvora, que é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
- Ciclo Urbano: Os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O mosquito Culicoides paraenses também é o vetor principal. O mosquito Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos, pode ocasionalmente transmitir o vírus também.
Faixas etárias
De acordo com dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses, um sistema do Ministério da Saúde, as faixas etárias mais afetadas pela febre Oropouche são as de pessoas adultas entre 20 e 49 anos, devido à exposição mais frequente a ambientes onde existem mosquitos e borrachudos.
Confira o gráfico do Ministério da Saúde com o número de casos no Amazonas por faixa etária:
Sintomas
Os sintomas da febre Oropouche são semelhantes aos da dengue, e incluem:
- febre;
- dor de cabeça;
- dor no corpo e nas articulações;
- náuseas;
- vertigem;
- vômitos.
Geralmente, a infecção é autolimitada, o que significa que a maioria das pessoas se recupera completamente. No entanto, sem o acompanhamento médico necessário ou com automedicação não adequada, a doença pode se tornar mais grave, levando a complicações neurológicas e, em casos extremos, ao óbito.
Transmissão vertical
Em julho, o Ministério da Saúde registrou, pela primeira vez, um caso de óbito fetal por transmissão vertical do vírus da febre Oropouche no Brasil. A transmissão vertical acontece quando o vírus é passado da mãe para o bebê, durante a gestação ou no parto. O caso aconteceu em Pernambuco, mas outros registros do mesmo tipo de contaminação foram feitos na Bahia e no Acre.
Os dados mostraram que o vírus é fator de risco para gestantes, uma vez que a transmissão pode acabar em óbito fetal ou no desenvolvimento de quadros de microcefalia.
O que fazer para previnir?
Assim como a maioria das arboviroses, a febre Oropouche é transmitida por mosquitos infectados com o vírus. Por isso, a prevenção da doença consiste também na prevenção desses animais no ambiente doméstico.
Os mosquitos do gênero Culicoides colocam seus ovos em regiões com água parada, principalmente próximo a florestas, parques e outras áreas de mata. Confira algumas das dicas de prevenção da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP)
- Jogue o lixo fora com frequência, principalmente se estiver exposto às chuvas;
- Esvazie periodicamente a água parada em garrafas de vidro, pneus, vasos de plantas.
- Cubra piscinas, caixas d’água, baldes e bacias.
- Use repelente nos horários de maior incidência de mosquitos;
- Se possível, busque telar as janelas e portas de sua casa;
- Utilize mosquiteiros e feche as janelas de acesso à rua durante a noite para evitar a entrada de mosquitos.
O que fazer em caso de suspeita de Oropouche?
Em caso de suspeita de infecção e/ou apresentação dos sintomas citados, o recomendado pela FVS é que a pessoa sintomática busque atendimento médico imediatamente para confirmação do diagnóstico e orientação quanto ao tratamento da doença.
Em hipótese alguma é recomendada a automedicação; a febre Oropouche é uma doença viral, então antibióticos não terão o efeito desejado. A única medicação recomendada são os remédios para alívio dos sintomas, como remédios para dor e antifebris.
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Explicando: febre Oropouche
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