O Caso Benício teve novos desdobramentos nesta quarta-feira (17), com o depoimento dos proprietários do Hospital Santa Júlia na sede do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), em Manaus. O fundador da unidade, Édson Sarkis, juntamente com os sócios Édson Sarkis Júnior e Júlia Sarkis, foram ouvidos pelo delegado Marcelo Martins, que conduz o inquérito sobre a morte do menino Benício Xavier, de 6 anos.
A criança faleceu no dia 23 de novembro após receber uma dosagem excessiva de adrenalina. As investigações apontam que a médica Juliana Brasil prescreveu a dose incorreta e a técnica de enfermagem Raiza Bentes realizou a aplicação venosa.
Defesa aponta que protocolos não foram seguidos
Em conversa com a imprensa após o depoimento, Édson Sarkis defendeu a estrutura do hospital e afirmou que a unidade possui protocolos rígidos que não foram utilizados pela equipe no momento da emergência. Segundo o fundador, havia suporte disponível que não foi acionado.
“O hospital tem protocolo de segurança, tem dupla checagem. Nessa ocasião, no pronto-socorro, tinha uma enfermeira que faz o protocolo de segurança. Ela não foi acionada, mas existe uma enfermeira. Além dessa, tem mais duas enfermeiras que também podem fazer protocolo de segurança”, declarou Sarkis.
Ele destacou ainda a presença de uma farmacêutica na central, reforçando que “essas coisas todas precisam ser ditas”.
O delegado Marcelo Martins corroborou parte da versão dos proprietários ao relatar o conteúdo dos depoimentos. Segundo a autoridade policial, os sócios informaram que os equipamentos e a equipe de suporte, anteriormente apontados como inexistentes ou faltosos, estavam à disposição no dia do ocorrido, mas não foram requisitados pelos profissionais que atendiam a criança.
Irregularidades no cadastro da médica no Caso Benício
Paralelamente aos depoimentos sobre a estrutura física, a Polícia Civil investiga inconsistências administrativas graves. O delegado Marcelo Martins revelou, na última segunda-feira (15), que o Hospital Santa Júlia teria fornecido informações falsas ao Ministério da Saúde.
A investigação constatou, através do Cadastro Nacional de Especialistas (CNE), que a médica Juliana Brasil foi cadastrada pela unidade hospitalar na plataforma do governo federal como pediatra, embora não possua especialização na área.
“Alguém do hospital realizou essa declaração perante o Ministério da Saúde, afirmando que a médica Juliana era uma médica pediátrica, e essa pessoa pode responder por falsidade ideológica”, afirmou o delegado. Até o momento, a direção do Hospital Santa Júlia não emitiu comunicado oficial especificamente sobre a ausência de especialização da profissional.
A polícia segue apurando a responsabilidade da instituição não apenas sobre a morte da criança, mas também quanto à gestão de seus protocolos, estrutura e veracidade das informações prestadas aos órgãos reguladores.
*Com informações da Rede Amazônica
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