Se formos analisar os acontecimentos deste ano, muitos eventos uniram a sociedade de uma forma bem engajada. Fatos que ficaram na boca do povo por dias a fio, discussões acaloradas nas redes sociais, a grande mídia “batendo na mesma tecla” sobre um determinado assunto por vários dias… E a Amazônia pegando fogo, por que não merece o destaque que deveria haver para o caso?
Alguns artistas e influenciadores até tentaram chamar atenção para o que vem acontecendo na cidade de Manaus nos últimos dias, em coro uníssono pela preservação da maior floresta tropical do mundo, mas onde está o assunto na pauta da grande imprensa e dos nossos líderes?
Vivemos um dos momentos mais críticos da nossa Amazônia. A ameaça à saúde e ao bem-estar da população é concreta, é real. Viver saudavelmente em Manaus e no interior do Amazonas fica a cada dia mais difícil para os seus habitantes – ou melhor, sobreviventes! Desde a pandemia da Covid-19, já se sobreviveu a tanto… Mas, na contramão do tamanho do desastre que vem acontecendo, se acessarmos os principais portais de notícias do país, nenhuma notícia sobre a situação da Amazônia é destaque. O assunto, na maior parte deles (pasmem!), sequer pode ser visto na primeira – e principal – página.
A grande imprensa fez o costumeiro papel de não se aprofundar em questões impactantes para a população se isso ocorre na região norte. A indiferença sistêmica dirigida à região continua prevalecendo e dá forma a um modo passivo e indiferente de debater a questão. E esse é um debate que não dá mais para postergar.
Na última sexta-feira, 13 de outubro, 58 dos 62 municípios do Estado do Amazonas foram decretados em situação de emergência e/ou calamidade por conta da intensa seca e estiagem decorrentes dos incêndios. A água é escassa, os animais estão morrendo, os ribeirinhos perdem seu meio de transporte – os rios – e ficam sem acesso a serviços essenciais, mercadorias deixam de ser transportadas e a emergência ambiental só cresce pela escassez da água.
Colocar o que está acontecendo na boca do povo, ou melhor, aos olhos de todo o país é mais do que necessário. É questão de sobrevivência – literalmente.
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