Mães e funcionários do Instituto da Mulher Dona Lindu, em Manaus, denunciaram casos de violência obstétrica e falhas médicas durante partos realizados na unidade. Entre os relatos, há situações de bebês feridos com queimaduras e ferimentos graves, incluindo um recém-nascido atingido por um bisturi elétrico.
De acordo com os depoimentos, os problemas envolvem demora nos atendimentos, erros de procedimento e possível falta de preparo de profissionais. Documentos internos citados pela Rede Amazônica também apontam deficiências na capacitação de parte da equipe médica.
Uma das pacientes, Mariana dos Santos Batista, relatou que chegou à maternidade com fortes dores e só foi submetida a uma cesariana de emergência horas depois. O bebê, que nasceu com quase cinco quilos, está internado desde o fim de agosto.
Segundo ela, os médicos tentaram insistir em um parto normal, mesmo diante do seu histórico de obesidade, hipertensão e diabetes. O recém-nascido apresentou problemas pulmonares e cardíacos, além de uma lesão no braço, atribuída pela equipe à má formação fetal.
Dois obstetras consultados pela reportagem afirmaram, no entanto, que o ferimento pode ter sido causado durante o parto por manuseio inadequado.
Um relatório interno de setembro descreve outro episódio grave, envolvendo uma gestante de 18 anos cujo bebê teve a cabeça presa no canal vaginal por cerca de dez minutos, o que resultou em parada cardiorrespiratória e trauma genital.
Além desses casos, há registro de um bebê que sofreu queimadura provocada por bisturi elétrico durante o parto.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Mario Vianna, afirmou que as condições de trabalho na maternidade pioraram após a gestão ser repassada a uma empresa de Goiás. Segundo ele, há sobrecarga de profissionais, falta de insumos e denúncias de estudantes realizando procedimentos sem supervisão adequada.
A conselheira do CRM-AM, Shirllane Rodrigues, informou que o conselho tem realizado fiscalizações, mas reforçou que o órgão não possui poder de polícia, encaminhando os casos graves ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM).
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) negou a ocorrência de violência obstétrica no caso citado e afirmou que a lesão no braço do bebê teria ocorrido ainda no útero. Sobre o parto da jovem de 18 anos, a pasta disse que o procedimento seguiu os protocolos obstétricos e que o bebê teve alta sem sequelas.
A secretaria confirmou o caso de queimadura por bisturi elétrico, informando que o ferimento foi tratado com curativos e não exigiu cirurgia. O órgão destacou ainda que todos os profissionais possuem registro de especialização e que residentes e estudantes atuam sob supervisão, conforme as normas do Ministério da Saúde.
O Ministério Público do Amazonas foi acionado, mas ainda não se pronunciou sobre as denúncias.
*Com informações da Rede Amazônica
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