Nova metodologia aplicada pela perícia no Amazonas permite identificar a origem de armamentos apreendidos e devolver bens roubados aos legítimos proprietários.
A Polícia Científica do Amazonas, braço fundamental da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), deu um passo decisivo no combate à criminalidade e na elucidação de delitos envolvendo armamentos. Por meio do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC), a instituição iniciou a implementação de exames metalográficos avançados, uma técnica química capaz de restaurar a numeração de série de armas de fogo que foi propositalmente suprimida ou raspada por criminosos.
Essa inovação tecnológica está sendo conduzida pelo Instituto de Criminalística Lorena dos Santos Baptista (ICB-LSB) e representa um marco para a Polícia Científica no estado. Atualmente em fase de testes e padronização pelos peritos da Balística Forense, o método visa não apenas fortalecer a prova material em inquéritos policiais, mas também garantir o rastreamento histórico completo de revólveres e pistolas apreendidos em operações.
A ciência a favor da investigação criminal
O procedimento, que exige alta precisão técnica, é fruto de uma parceria estratégica entre o Setor de Balística Forense (SBF) e o Laboratório Forense de Análises e Compostos (LAFASC). A aplicação do exame metalográfico funciona como uma “revelação” do passado da arma.
Segundo Marcos Kanso, perito criminal lotado no SBF, a expectativa é que essa ferramenta se torne rotineira e indispensável. “Por meio desse exame realizado pela Polícia Científica, poderemos descobrir o proprietário legítimo do armamento. É uma técnica que oferece elementos importantes para devolver a arma a quem teve o bem furtado, bem como auxiliar a autoridade policial com dados que permitirão a realização de novas diligências”, explicou Kanso.
Muitas vezes, armas utilizadas em crimes são oriundas de furtos a empresas de segurança ou residências de cidadãos com posse legal. Ao terem a numeração raspada, o rastro da arma se perde, dificultando a conexão entre o crime atual e o furto original. Com a nova técnica, esse elo é restabelecido.
Como a Polícia Científica recupera os dados apagados
O processo de recuperação não é simples e envolve reações químicas controladas. Pedro Souza, perito criminal do LAFASC, detalha que a etapa atual de testes foca na padronização dos reagentes e do tempo de exposição para garantir a eficácia na revelação dos caracteres.
Durante a fabricação industrial, o número de série de uma arma é gravado profundamente no metal, seja por micropercussão (Dot Pin), gravação a laser ou cunhagem. Mesmo quando a superfície é lixada por criminosos para remover a identificação visual, a estrutura molecular do metal abaixo da gravação permanece alterada pela pressão original.
O exame metalográfico aplicado pela Polícia Científica utiliza produtos químicos específicos que reagem de forma diferente nessas áreas onde o metal foi comprimido, fazendo com que a numeração “brote” e volte a ser visível temporariamente, permitindo o registro fotográfico e a identificação.
Integração de dados e resultados imediatos
Após o sucesso na revelação da numeração, o trabalho da perícia se conecta à inteligência policial. O dado recuperado é inserido imediatamente no banco de informações da SSP, que é integrado ao Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp). A partir desse registro, é possível consultar todas as ocorrências vinculadas àquele armamento em território nacional.
Os resultados iniciais são promissores. Nos primeiros ensaios práticos realizados pela equipe de Balística Forense, a técnica já provou seu valor. Em um caso recente, um revólver apreendido com a numeração totalmente suprimida foi submetido ao exame.
“Nós recebemos um revólver que estava com o número de série suprimido. Com o exame metalográfico, a Polícia Científica conseguiu revelar esse número e, ao inserir no sistema, verificamos que a arma havia sido furtada e que pertencia a uma empresa de segurança”, relatou o perito Marcos Kanso.
Graças a essa tecnologia, a arma foi encaminhada à Divisão de Recebimento, Análise e Distribuição da Polícia Civil (DRAD) e poderá, finalmente, ser devolvida à empresa vítima do furto, fechando o ciclo da justiça e demonstrando a eficácia da ciência forense no Amazonas.
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