Nova estrutura da AMAR promete ampliar reciclagem, apoiar catadores e reduzir poluição dos rios da capital
A coleta de plástico em Manaus será reforçada com a criação de um novo ponto de recebimento de resíduos no bairro Tarumã, iniciativa que pretende retirar 48 toneladas de material das ruas, rios e igarapés da capital até o fim de 2026. O projeto, coordenado pela Associação de Catadores AMAR, busca fortalecer o trabalho dos profissionais da reciclagem, melhorar suas condições de segurança e ampliar o impacto ambiental positivo na cidade.
A meta equivale a cerca de 2,4 milhões de garrafas plásticas que deixariam de alcançar os cursos d’água que cortam a região urbana. A iniciativa ocorre em um contexto de grandes desafios enfrentados pela capital amazonense: dados do Instituto Trata Brasil mostram que Manaus figura entre os três municípios com pior saneamento básico do país e ocupa a sexta posição entre as capitais com mais dificuldades na gestão de resíduos sólidos. A coleta inadequada ainda leva toneladas de plástico aos igarapés e ao Rio Negro, afetando ecossistemas e a qualidade de vida da população.
Expansão da coleta de plástico em Manaus fortalece catadores
A coleta de plástico em Manaus, atualmente liderada pela AMAR, já soma aproximadamente três toneladas mensais. Com o novo ponto de coleta, a associação espera ampliar esse volume em 25%, aumentando a quantidade de resíduos recuperados e agregando valor ao trabalho dos 16 catadores que integram a organização.
Os trabalhadores receberão remuneração superior à média praticada no mercado local e terão acesso a equipamentos de proteção individual, algo considerado fundamental para a segurança no manejo dos materiais. A associação também será beneficiada com reparos na prensa utilizada na triagem dos resíduos e com melhorias estruturais, garantindo maior eficiência no processamento dos materiais.
Além disso, a AMAR passará a integrar um ecossistema de reciclagem com rastreabilidade digital, mecanismo que permite acompanhar cada etapa da coleta e da destinação do plástico. Esse modelo fortalece a transparência e reduz riscos operacionais, questão considerada um dos principais desafios para organizações de catadores em todo o país.
História e liderança impulsionam a reciclagem comunitária
A expansão da coleta de plástico em Manaus pela AMAR também reflete a trajetória de sua liderança. À frente da associação está Irineide Souza de Lima, de 54 anos, que herdou do pai, José Chaves de Lima, o compromisso com a reciclagem. José atuou no antigo lixão de Manaus e, após o encerramento das atividades no local, passou a receber materiais recicláveis diretamente em casa, mobilizando a família e possibilitando a futura formalização da AMAR.
Segundo Irineide, o reconhecimento e a remuneração justa transformam o trabalho dos catadores e reforçam o papel social da reciclagem nas comunidades. “Aqui, o plástico não é visto como descarte; é sustento e possibilidade”, afirma.
Novas iniciativas ampliam a reciclagem na capital amazonense
O novo ponto de coleta integra um movimento maior de expansão da reciclagem em Manaus, iniciado em maio de 2025 com a atuação da Ascarman. A proposta é fortalecer comunidades que têm papel vital na cadeia de reciclagem e oferecer alternativas de renda dignas para catadores, especialmente em áreas que sofrem com descarte irregular e pressão ambiental crescente.
Em nível nacional, parcerias semelhantes já permitiram a coleta de mais de 389 milhões de garrafas plásticas, com apoio direto a mais de 4 mil catadores. No cenário global, iniciativas correlatas superaram a marca de 5,8 bilhões de garrafas recuperadas.
Impacto ambiental e compromissos de empresas parceiras
Entre as organizações que apoiam esse modelo de reciclagem no Brasil está a SC Johnson, que desde 2018 reduziu em 33% o uso de plástico virgem e atingiu 25% de conteúdo reciclado em suas embalagens. A empresa mira agora as metas estabelecidas para 2030 no Global Commitment da Ellen MacArthur Foundation e no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente: alcançar 55% de conteúdo reciclado, reduzir em 55% o uso de plástico virgem e garantir que 90% de suas embalagens sejam recicláveis.
O diretor de Operações da Plastic Bank no Brasil, Ricardo Araújo, destaca a relevância da expansão da coleta de plástico em Manaus no contexto global. “Mais do que discursos na COP30, são as ações locais que produzem mudanças reais. Integrar comunidades e trabalhadores da reciclagem é fundamental para proteger a Amazônia”, afirma.
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