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1 ano após governo decretar emergência, 94% dos indígenas yanomami têm alto nível de contaminação por mercúrio

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Passado mais de um ano, após o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decretar estado de emergência e envio de atendimento urgente e humanitário ao território indígena Yanomami, 94% dos yanomamis têm alto nível de contaminação por mercúrio. Esses são dados do estudo elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Socioambiental (ISA).

A pesquisa afirma que nove comunidades estão contaminadas pelo metal, principalmente aqueles que vivem próximos aos garimpos ilegais – que sofrem com maiores níveis de exposição.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os níveis de mercúrio em cabelo não devem ultrapassar 1 micrograma por grama. Na pesquisa, 84% das amostras coletadas apontaram níveis de contaminação por mercúrio acima de 2,0 μg/g (micrograma por grama), 10,8% ficaram acima de 6,0 μg/g. 

Consequências aos indígenas Yanomami

Os níveis elevados do mercúrio ocasionam, aos indígenas: déficits cognitivos; danos em nervos nas extremidades (mãos, braços, pés e pernas). A atenção deve ser redobrada quando se tratam das crianças.

“Esse cenário de vulnerabilidade aumenta exponencialmente o risco de adoecimento das crianças que vivem na região e, potencialmente, pode favorecer o surgimento de manifestações clínicas mais severas relacionadas à exposição crônica ao mercúrio, principalmente nos menores de 5 anos”, afirma o coordenador do estudo, Paulo Basta, médico e pesquisador da Fiocruz.

O estudo, que realizou testes de quociente de inteligência (QI) mostrou ainda que, nas crianças está ocasionando graves deficiências cognitivas. A média de valor de QI entre as 58 crianças participantes foi 68 – sendo que, em condições mínimas, é esperada o QI em torno de 100.

Pesquisadores da Fiocruz estiveram em comunidades na Terra Yanomami — Foto: Fiocruz/Divulgação
Pesquisadores da Fiocruz estiveram em comunidades na Terra Yanomami — Foto: Fiocruz/Divulgação

No cruzamento de dados obtidos, com informações clínicas, o estudo identificou ainda que, nos indígenas com pressão alta, os níveis de mercúrio acima de 2,0 μg/g são mais frequentes do que nos indígenas com pressão arterial normal.

Em crianças e fetos, a exposição ao mercúrio pode interferir no desenvolvimento do sistema nervoso, resultando em atrasos no desenvolvimento, problemas de memória e diminuição da capacidade cognitiva. Em adultos, a exposição crônica pode resultar em sintomas neurológicos, como tremores, insônia, perda de memória e alterações de humor, além de danos aos rins e ao sistema imunológico.

Além dos riscos diretos à saúde, a exposição ao mercúrio também tem implicações ambientais, especialmente para os rios e peixes.

Garimpo ilegal é o principal motivo

Os Yanomamis estão alocados em 370 aldeias e quase 10 milhões de hectares, entre Roraima e Amazonas.  São cerca de 28 mil indígenas, que vivem isolados geograficamente em comunidades de difícil acesso e sofrem com as atividades de garimpo ilegal – mesmo com as ações governamentais.

Para o vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Dário Kopenawa, o garimpo ilegal é o maior mal para a terra Yanomami: “É necessário e urgente […] a saída desses invasores. Se o garimpo permanece, permanece também a contaminação, devastação, doenças como malária e desnutrição e isso é o resultado dessa pesquisa, é a prova concreta!”, ressaltou.

O território é alvo do garimpo ilegal há décadas, mas a invasão se intensificou nos últimos anos. O Instituto MapBiomas revelou que o território Yanomami, localizado entre os estados do Amazonas e Roraima, apresenta a maior quantidade de pistas utilizadas por garimpos no país.

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