Quase nove anos após o massacre que deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, a Justiça do Amazonas iniciou nesta terça-feira (9) o julgamento dos primeiros acusados de envolvimento no caso. A sessão, realizada na 2ª Vara do Tribunal do Júri, analisa a responsabilidade de Anderson Silva do Nascimento e Geymison Marques de Oliveira.
O processo é o primeiro entre 22 ações penais abertas após a rebelião de janeiro de 2017. As demais devem ser apreciadas pela Vara do Júri ao longo de 2026.
O motim começou em 1º de janeiro de 2017 e se prolongou por cerca de 16 horas devido ao confronto entre facções rivais. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), a rebelião se tornou o maior massacre já ocorrido no sistema prisional do estado. Os réus respondem por homicídio qualificado 56 vezes, além de acusações de vilipêndio de cadáver, tortura e organização criminosa.
A sessão é conduzida por um colegiado de magistrados, com atuação de três promotores do Ministério Público. Anderson Silva do Nascimento, que segue preso, foi levado ao Fórum Ministro Henoch Reis, no bairro São Francisco. Já Geymison Marques de Oliveira, que está em liberdade provisória, não compareceu ao júri, embora sua defesa esteja presente.
Como o massacre ocorreu
A rebelião se estendeu por 17 horas e começou quando integrantes da Família do Norte (FDN), então aliada ao Comando Vermelho na região, invadiram o setor onde estavam presos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O ataque resultou em corpos esquartejados, decapitados e queimados. Antes da rendição, 112 presos conseguiram fugir.
O rompimento da aliança entre Comando Vermelho e PCC, que disputavam o controle nacional do tráfico de drogas, foi apontado como o estopim do conflito. O então secretário de Segurança, Sérgio Fontes, afirmou que a FDN liderou o ataque e que o episódio “não havia sido planejado previamente”.
Fontes também mencionou indícios de ligação entre o massacre do Compaj e a rebelião ocorrida horas antes no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), de onde 87 presos fugiram. Cerca de 40 detentos foram recapturados posteriormente.
Em 2019, o Compaj voltou a registrar um episódio de violência, quando outra rebelião terminou com 15 mortos. Após o caso, o Governo do Amazonas decidiu não renovar o contrato com a empresa responsável pela administração da unidade e repassou a gestão a outra terceirizada.
*Com informações da Rede Amazônica
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