Após sete mandatos na Câmara Municipal do Rio, vereador oficializa saída para concorrer em Santa Catarina, provocando reconfiguração política e racha na direita local
Carlos Bolsonaro (PL), figura central do núcleo político da família Bolsonaro, oficializou nesta quinta-feira (11) a sua renúncia ao cargo de vereador do Rio de Janeiro. A decisão, anunciada em discurso na tribuna da Câmara Municipal, marca o fim de um ciclo de mais de duas décadas no legislativo carioca e o início de uma nova estratégia eleitoral: a disputa por uma cadeira no Senado Federal representando o estado de Santa Catarina.
A movimentação de Carlos Bolsonaro não é apenas uma troca de domicílio eleitoral, mas uma manobra calculada que visa fortalecer a presença do PL no Sul do país. Em sua fala de despedida, o parlamentar enfatizou que a mudança atende a uma missão maior.
“Vou para Santa Catarina cumprir um chamado que não poderia realizar daqui”
Declarou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele fez questão de ressaltar que seu vínculo com o Rio de Janeiro permanece, mas que o momento exige atuação em outra frente. “Levo comigo o Rio, sempre, mas agora preciso contribuir em outra trincheira, honrando tudo que aprendi e construí nesta cidade e agregando a todo um movimento nacional”, afirmou.
O legado no Rio e a justificativa da mudança
Durante o discurso, Carlos Bolsonaro rejeitou narrativas de que sua saída seria uma evasão do cenário político fluminense. O agora ex-vereador, que cumpria seu sétimo mandato consecutivo, definiu a ida para o estado catarinense como “não é uma fuga”, mas sim “a continuidade de uma luta por liberdade, pela família, pela soberania, por um Brasil que respeita seu povo, identidade e, principalmente, num momento tão conturbado no país, buscando equilíbrio entre os Poderes”.
Ao fazer um balanço de sua trajetória na Casa, Carlos Bolsonaro relembrou as batalhas travadas no legislativo municipal e a experiência adquirida.
“Vou sentir falta desta tribuna, das discussões, dos amigos, das batalhas, das noites longas e dos dias turbulentos. Parto com a consciência tranquila, dei ao Rio o melhor que poderia oferecer. Onde quer que esteja, continuarei defendendo essa cidade, esse país e tudo aquilo que acredito”
Concluiu, sinalizando que sua atuação nacional continuará alinhada às pautas que defendeu no Rio.
O discurso também serviu para reforçar a defesa de seu pai, Jair Bolsonaro. Carlos Bolsonaro mencionou a situação do ex-mandatário, que cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, classificando o processo como injusto. “O presidente Jair Messias Bolsonaro, um homem que dedicou sua vida ao Brasil, hoje enfrenta uma vida injusta, fruta de um processo recheado de contradições, vícios e interpretações políticas”, disse, mantendo a retórica de perseguição política que mobiliza sua base eleitoral.
Carlos Bolsonaro e o racha na direita em Santa Catarina
A confirmação da pré-candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado por Santa Catarina, desenhada desde outubro, gerou um efeito dominó na política local, expondo fissuras na base do Partido Liberal (PL). A chegada do filho do ex-presidente alterou os planos do governador Jorginho Mello (PL), que precisou recalcular a rota das alianças estaduais para acomodar o novo cenário.
Originalmente, a intenção do governador era apoiar uma chapa composta pelo veterano senador Espiridião Amin (PP) e pela deputada federal Carol de Toni (PL), um nome forte do bolsonarismo na região. Contudo, a entrada de Carlos Bolsonaro na disputa forçou uma mudança drástica. Jorginho Mello optou por dar sustentação a uma chapa formada pela dupla Carlos e Amin, preterindo a candidatura de Carol de Toni ao Senado.
Essa decisão provocou um racha evidente entre os aliados de Jair Bolsonaro no estado. Com o espaço fechado dentro da chapa majoritária apoiada pelo governo estadual, Carol de Toni iniciou articulações para buscar novos caminhos. A deputada passou a negociar uma possível migração para o partido Novo, numa tentativa de viabilizar sua pré-candidatura ao Senado de forma independente, o que pode dividir os votos da direita em um dos principais redutos do conservadorismo no Brasil.
A renúncia de Carlos Bolsonaro no Rio de Janeiro, portanto, reverbera muito além da capital fluminense. Ela inaugura um novo capítulo de disputas internas na direita brasileira e coloca Santa Catarina no centro das atenções eleitorais para o próximo pleito, testando a força da transferência de votos e a fidelidade das alianças regionais em torno do sobrenome Bolsonaro.
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