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EUA confirmam alívio nas tarifas do café; Brasil deve ser o maior beneficiado

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Secretário do tesouro, Scott Bessent, detalha plano que inclui bananas e outras frutas; mercado brasileiro de café arábica aguarda suspensão da sobretaxa de 50%

O secretário do tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, confirmou nesta quarta-feira (12) que o governo americano anunciará um alívio tarifário significativo nos próximos dias. A medida será focada em produtos como café, bananas e outras frutas, numa tentativa de conter as pressões inflacionárias e impulsionar o consumo doméstico. A notícia reforça a declaração feita na véspera pelo presidente Donald Trump sobre a redução específica das tarifas do café, posicionando o Brasil como o principal beneficiário da mudança.

“Veremos grandes notícias sobre tarifas nos próximos dias”, adiantou Bessent em entrevista à Fox News, sinalizando que a administração está pronta para agir.

O anúncio de Bessent: tarifas do café e alívio para os americanos

A confirmação de Scott Bessent amplia o escopo do que havia sido mencionado por Trump. O presidente americano, na terça-feira (11), também à Fox News, afirmou que os Estados Unidos iriam reduzir “algumas tarifas sobre as importações de café”, sem, no entanto, fornecer detalhes adicionais.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent Foto: Allison Robbert/AP

Bessent, por sua vez, contextualizou a medida dentro de uma estratégia econômica mais ampla. Ele afirmou que há “muitas opções para dividendos tarifários”, alinhando-se ao discurso de Trump de que parte das receitas obtidas com tarifas de importação deve ser devolvida à população.

Segundo o secretário, o tesouro estuda a possibilidade de oferecer um reembolso de US$ 2 mil para cidadãos que recebem menos de US$ 100 mil anualmente, embora tenha ressaltado que a medida ainda não foi formalmente decidida.

Bessent também aproveitou para projetar um cenário econômico otimista, destacando que a economia americana estava “em um ótimo lugar” antes da recente paralisação governamental (shutdown), classificada por ele como um “pequeno soluço”. Ele antecipou que restituições “substanciais” de impostos serão feitas aos americanos no começo de 2026 e projetou um aumento da renda real no país para o primeiro e segundo trimestres do próximo ano, impulsionado por cortes de impostos e pelo avanço geral da atividade.

O peso das tarifas do café e a vantagem brasileira

A expectativa gerada pelo anúncio é imensa para o Brasil, principal exportador de café para os Estados Unidos. O mercado americano consome anualmente cerca de 25 milhões de sacas de café e costumava importar entre 7,5 a 8 milhões de sacas diretamente do Brasil, conforme dados da consultoria MB Agro.

Trump conversa com repórteres ao chegar à Casa Branca em Washington, no domingo, 9 Foto: Rod Lamkey, Jr./AP

O Brasil é o maior produtor mundial de café arábica, com um volume que oscila entre 40 e 45 milhões de sacas por safra. Outros grandes produtores desse tipo de grão, como Colômbia, Indonésia, Etiópia e Honduras, têm volumes de produção significativamente menores, variando de 6 a 13 milhões de sacas.

O problema para os produtores brasileiros foi a inclusão do produto no “tarifaço” de 50% imposto pelos EUA. Essa sobretaxa ameaçava a competitividade do café nacional, abrindo espaço para que os EUA buscassem fornecedores em outros países que não foram afetados ou que possuem tarifas menores. A suspensão dessa taxa é vista como vital para manter a dominância brasileira no mercado americano.

A negociação diplomática e a importância do café na economia dos EUA

A eliminação da sobretaxa para o café tornou-se uma das prioridades do governo brasileiro nas negociações bilaterais. A primeira reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, ocorrida em 26 de outubro em Kuala Lumpur (Malásia), embora não tenha resultado na suspensão imediata das tarifas, foi crucial para “destravar o diálogo” com a Casa Branca.

De acordo com fontes a par das reivindicações, o governo brasileiro entregou documentos formais à Casa Branca solicitando a exclusão de vários itens do tarifaço, incluindo café, carnes, pescados e frutas.

O café, especificamente, é considerado o produto com maior flexibilidade para a retirada da tarifa, pelo simples fato de não haver produção relevante nos Estados Unidos. Menos de 1% do mercado interno americano é suprido por plantações locais, concentradas no Havaí e em Porto Rico. Essa vulnerabilidade já havia sido sinalizada em julho por Howard Lutnick, secretário de comércio dos EUA, que afirmou que alimentos não produzidos no país poderiam ter as taxas zeradas.

Na avaliação de Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o produto só foi taxado inicialmente como forma de “pressão”, dada sua posição estratégica nas exportações brasileiras, e não por fazer sentido econômico.

Cardoso destacou a importância cultural e financeira do produto para os próprios EUA: 76% dos consumidores americanos bebem café, e o Brasil responde por 34% de todas as vendas ao país. “A cada dólar que os EUA importam de café, a economia movimenta outros US$ 43. É um mercado de US$ 343 bilhões ao ano, que representa 1,2% do PIB americano”, explicou.

Após os encontros diplomáticos recentes, o presidente da Abic se mostrou otimista. “A gente avalia com bastante atenção e cuidado, mas com uma expectativa muito positiva o desenrolar dos fatos”, declarou Cardoso, mencionando que a reaproximação entre os presidentes na assembleia da ONU e na Malásia deu consistência ao diálogo. “É provável que o café tenha as taxas suspensas”, concluiu.

A confirmação de Scott Bessent indica que a decisão é iminente, trazendo um alívio esperado tanto para o consumidor americano quanto para os produtores brasileiros, que agora aguardam a formalização da suspensão das tarifas do café.

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