Escola de Samba explora complexidade da Terra Ianomâmi e presta tributo a indigenista e repórter britânico mortos em emboscada
O Acadêmicos do Salgueiro, terceira escola a desfilar neste Carnaval no Rio de Janeiro, trouxe para a Sapucaí o enredo “A Queda do Céu – Palavras de um Xamã Yanomami”, inspirado no livro do líder indígena Davi Kopenawa. A apresentação também foi marcada por homenagens ao indigenista Bruno Pereira e ao repórter britânico Dom Phillips, ambos mortos em uma emboscada no Vale do Javari.
Explorando a Cultura Yanomami
O enredo “Hutukara” buscou proporcionar uma compreensão autêntica da cultura Yanomami, ultrapassando estereótipos e destacando a riqueza e diversidade desse povo. Davi Kopenawa, um dos autores do livro, desfilou no último carro da escola, sendo uma das figuras centrais do desfile.
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Homenagens e Momentos Emocionantes
Em seu primeiro desfile sem o histórico intérprete Quinho, falecido em janeiro, o Salgueiro dedicou a apresentação a ele. O desfile começou com a comissão de frente, onde bailarinos representavam feridas e críticas aos invasores da terra Yanomami.
A rainha de bateria, Viviane Araújo, foi aclamada ao pisar na Avenida, e a escola emocionou o público no aquecimento da bateria. O desfile teve momentos em que as luzes foram apagadas, ressaltando a iluminação especial em fantasias e alegorias, proporcionando um espetáculo visual único.
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Crítica e Admiração pela Cultura Yanomami
Ao invés de lamentar as tragédias e conflitos com garimpeiros, o Salgueiro optou por uma abordagem que destacou a admiração pela humanidade do povo Yanomami. O enredo teve um tom crítico, incentivando a solidariedade em defesa do território indígena brasileiro.
Homenagem a Bruno Pereira e Dom Phillips
O desfile encerrou com uma homenagem tocante a Bruno Pereira, indigenista brasileiro, e Dom Phillips, repórter britânico, ambos mortos em 2022. O Salgueiro buscou não apenas representar a cultura Yanomami, mas também levantar questões sociais e políticas relacionadas aos povos indígenas.
Brilho na Avenida
O Salgueiro apostou em alegorias com cores neon e materiais espelhados, proporcionando um desfile luminoso e visualmente impactante. A escola encerrou a apresentação com detalhes fluorescentes, homenageando os homenageados com os chapéus da comissão de frente piscando no escuro.
Em vez de se concentrar nas tragédias, o Salgueiro escolheu exaltar a cultura e a resistência Yanomami, trazendo uma mensagem de respeito e admiração. O enredo Hutukara é um convite à compreensão genuína da riqueza cultural desse povo ancestral.
Com informações de O Globo*
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