O Amazonas ocupa uma posição preocupante no ranking nacional de perdas não técnicas de energia elétrica — aquelas causadas principalmente por furtos, fraudes e erros de medição. Dados divulgados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) revelam que a Amazonas Energia lidera o índice de perdas no país, superando inclusive a Light, do Rio de Janeiro.
Segundo o levantamento, as perdas não técnicas entre a Light, concessionária do Rio de Janeiro, e a Amazonas Energia, no Amazonas, somam com 34,1%. Esse tipo de perda inclui os famosos “gatos” — ligações clandestinas — além de adulterações nos medidores e desvios diretos da rede. No período entre 2008 e 2024, as perdas não técnicas reais passaram de 26,2 TWh para 40,2 TWh.
O impacto desse problema reflete diretamente no bolso dos consumidores. De acordo com a Aneel. Considerando a participação das perdas não técnicas nas tarifas residenciais em 2024, a Amazonas Energia aparece na primeira posição, com 12,9%, seguida pela Light (9,1%) e Equatorial Amapá (8,2%).
Os “gatos” de energia estão associados à gestão da concessionária e às características socioeconômicas das áreas de concessão e representaram, no ano passado, um custo da ordem de R$ 10,3 bilhões.
Na outra ponta do ranking estão as distribuidoras Energisa Sergipe e Energisa MR com os menores índices de perdas não técnicas.
Em todo o país, os “gatos” geraram um custo estimado em R$ 10,3 bilhões em 2024, afetando diretamente as tarifas dos consumidores. Na contramão desse cenário, distribuidoras como Energisa Sergipe e Energisa Mato Grosso do Sul (Energisa MR) apresentam os menores índices de perdas.
⚠️ Problema crônico no Amazonas
A Aneel destaca que fatores como a gestão da concessionária e as características socioeconômicas das regiões atendidas estão diretamente ligados ao alto índice de perdas no Amazonas. Além disso, a agência reforça que parte dos custos com furtos acaba sendo repassada ao consumidor, pois a metodologia tarifária reconhece um valor considerado “eficiente” para essas perdas — geralmente menor que o índice real.
🔧 Combate aos furtos ainda é desafio
Apesar de reconhecer o problema, a Aneel admite que o combate ao furto de energia é um desafio gigantesco, principalmente em mercados extensos e de difícil acesso, como o Amazonas. A estratégia da agência é estabelecer limites regulatórios de perdas, incentivando as distribuidoras a reduzir os índices ao longo do tempo. Porém, não há penalidades diretas se a meta não for alcançada.
🔌 Perdas técnicas também pesam
O relatório também aponta perdas técnicas — aquelas naturais da operação da rede elétrica — que, no caso da Equatorial Pará (11,9%) e Equatorial Amapá (11,5%), também estão entre as maiores do país. No entanto, essas perdas são consideradas normais dentro dos padrões operacionais e fazem parte dos custos reconhecidos nas tarifas.
Com informações da Folha de S.Paulo*

