Convocado após a renúncia oficial da parlamentar, o empresário e político veterano retorna a Brasília; entenda a trajetória do novo titular e o desfecho do caso Zambelli
Adilson Barroso, primeiro suplente do Partido Liberal (PL-SP), foi oficialmente convocado para assumir a cadeira deixada pela deputada federal Carla Zambelli. A determinação partiu do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), logo após a formalização da renúncia da parlamentar neste domingo (14/12). O movimento político ocorre em meio a um cenário jurídico complexo que envolve a condenação e prisão de Zambelli na Itália, trazendo Barroso de volta ao centro das atenções no Legislativo federal.
A ascensão de Adilson Barroso ao cargo definitivo segue rigorosamente o regimento interno da Casa e a legislação eleitoral vigente. A Secretaria-Geral da Mesa comunicou a vacância, permitindo que o suplente, que obteve 62.445 votos no pleito de 2022, ocupasse o posto. Embora não seja um novato na política, a figura de Barroso carrega uma trajetória marcada por mudanças partidárias, fundação de siglas e um alinhamento ideológico claro com a ala bolsonarista.
A trajetória política de Adilson Barroso
Natural de Minas Gerais, Adilson Barroso construiu sua carreira política no estado de São Paulo, onde atua também como empresário. Em sua biografia oficial na Câmara, ele cita possuir curso superior, embora não detalhe a área de formação. Sua vida pública começou no interior paulista, mais especificamente na cidade de Barrinha. Lá, foi eleito vereador em 1988 pelo PTB e reeleito em 1992, já pelo antigo PFL. A escalada local continuou quando assumiu o cargo de vice-prefeito do município entre 1997 e 2002.
A experiência legislativa de Adilson Barroso se expandiu para a esfera estadual em 2002, quando foi eleito deputado estadual por São Paulo pelo extinto Prona, partido conhecido pela figura de Enéas Carneiro. Exerceu o mandato na Assembleia Legislativa até 2010. Após uma derrota nas urnas naquele ano, Barroso retornou à política municipal em 2016, conquistando novamente uma vaga de vereador, demonstrando resiliência e base eleitoral fiel no interior.
Fundação do Patriota e a conexão com Bolsonaro
Um dos pontos mais notáveis na carreira de Adilson Barroso foi sua atuação nos bastidores partidários. Ele esteve entre os fundadores do Partido Ecológico Nacional (PEN), criado em 2012. Visando uma reestruturação e maior apelo junto ao eleitorado conservador, a sigla foi rebatizada como Patriota em 2017.
No entanto, a liderança de Adilson Barroso à frente do Patriota enfrentou turbulências em 2021. Ele foi afastado da presidência da legenda após conduzir negociações individuais para a filiação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O episódio gerou atritos internos, mas solidificou sua lealdade ao ex-mandatário. Pouco depois, Barroso deixou o partido que ajudou a fundar e seguiu Bolsonaro rumo ao Partido Liberal (PL), onde se encontra atualmente.
Nesta legislatura, Adilson Barroso já havia experimentado o retorno ao plenário federal. Entre 2023 e 2025, ele exerceu o mandato temporariamente ocupando a vaga de Guilherme Derrite (PP-SP), que se licenciou para comandar a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Com o retorno de Derrite no fim de novembro, Barroso voltou à suplência por um breve período, até ser convocado definitivamente agora.
O contexto da renúncia de Carla Zambelli
A efetivação de Adilson Barroso ocorre em decorrência direta da renúncia de Carla Zambelli, uma manobra política que antecedeu a perda iminente do mandato. A decisão foi acelerada após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar na última quinta-feira (11/12) a perda imediata do cargo da deputada.
Embora a Câmara tivesse realizado votações sobre a cassação, o placar não atingiu o quórum mínimo necessário. Contudo, o entendimento do STF, reforçado por Moraes, é de que em casos de condenação criminal com trânsito em julgado (quando não cabem mais recursos), a perda do mandato é automática, cabendo ao Legislativo apenas o ato administrativo declaratório.
Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do STF a 10 anos de reclusão. A acusação envolve a participação, junto a um hacker, na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Atualmente, a ex-deputada encontra-se presa na Itália, após ter deixado o Brasil. Como presidiária, ela perdeu os direitos políticos, o que inviabiliza o exercício parlamentar, abrindo caminho para que Adilson Barroso assuma a responsabilidade de representar seus eleitores e o partido na Câmara Federal.
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