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Trump e a Groenlândia trazem nova tensão diplomática e debate sobre soberania

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Nomeação de enviado especial pelos EUA reacende interesse americano na ilha ártica e provoca reação imediata da Dinamarca em meio a discussões sobre independência.

A relação diplomática entre a Dinamarca e os Estados Unidos enfrenta um novo capítulo de tensão nesta segunda-feira, 22 de dezembro. O governo dinamarquês convocou o embaixador americano para prestar esclarecimentos após o presidente eleito, Donald Trump, anunciar a nomeação de um enviado especial dedicado exclusivamente aos assuntos envolvendo Trump e a Groenlândia.

O ministro do Exterior da Dinamarca, Lars Løkke Rasmussen, classificou a atitude como inesperada e considerou as declarações recentes do indicado, Jeff Landry, como “completamente inaceitáveis”. Landry, atual governador da Louisiana, publicou em redes sociais que seria uma honra trabalhar para tornar a Groenlândia parte dos EUA. A movimentação sinaliza que, ao retornar à Casa Branca, o republicano pretende retomar a ideia de obter controle sobre a ilha, algo que já havia tentado em seu primeiro mandato.

A insistência no tema reflete a visão de que o território autônomo, pertencente ao Reino da Dinamarca, possui um valor inestimável tanto para a defesa nacional americana quanto pela sua riqueza mineral.

O interesse estratégico por trás da ação

A escolha de Jeff Landry para liderar as conversas sobre Trump e a Groenlândia gerou questionamentos, dada a distância geográfica entre a Louisiana e Nuuk, capital da ilha. No entanto, Trump defendeu a escolha em sua plataforma Truth Social, afirmando que o aliado compreende a importância essencial da ilha para a segurança nacional dos EUA e para a proteção global.

Historicamente, a Louisiana remete à expansão territorial americana, tendo sido comprada da França em 1803. Analistas sugerem que Trump pode estar buscando um legado similar ao dos presidentes que expandiram as fronteiras do país no século 19. Contudo, a Dinamarca mantém a tradição de gerenciar relações com aliados da OTAN através de embaixadores convencionais, o que torna a criação de um cargo de “enviado especial” um ponto fora da curva na diplomacia tradicional.

O primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen, reagiu com cautela e firmeza, declarando que o território controla seu próprio destino e está aberto à cooperação, mas sempre com base no respeito mútuo.

Recursos naturais e posição geopolítica

O foco na relação entre Trump e a Groenlândia não é apenas simbólico. A ilha abriga a Base Aérea de Thule, operada pelos EUA desde 1951, fundamental para a defesa no Ártico. Com o aquecimento global e o derretimento das geleiras, novas rotas comerciais marítimas estão se abrindo, aumentando a relevância logística da região.

Além disso, o subsolo groenlandês é rico em terras raras. Marc Jacobsen, especialista do Royal Danish Defence College, aponta que esses minerais são vitais para a produção de tecnologias modernas, desde smartphones até equipamentos militares e turbinas eólicas. Atualmente, a mineração desses recursos é dominada pela China, rival estratégico dos americanos. Controlar ou ter influência direta sobre a Groenlândia significaria reduzir essa dependência e garantir segurança na cadeia de suprimentos.

Outro ponto crucial é a defesa contra a Rússia. A rota mais curta para mísseis russos em direção aos Estados Unidos passa pelo Polo Norte, justamente sobre o território da Groenlândia, tornando a ilha uma barreira defensiva indispensável.

O desejo de independência e o passado colonial

Enquanto o mundo observa a movimentação de Washington, a política interna da ilha vive seu próprio debate. A população, majoritariamente inuit, carrega as cicatrizes de um processo de colonização que, embora oficialmente encerrado, deixou marcas profundas. Casos históricos de controle de natalidade forçado e separação de famílias ainda são feridas abertas na sociedade local.

Líderes políticos locais, como o premiê Múte Bourup Egede, têm reforçado que o país não está à venda e que o futuro pertence ao seu povo. O desejo de emancipação total da Dinamarca cresce, mas enfrenta o desafio da sustentabilidade econômica. Atualmente, Copenhague financia cerca de um terço do orçamento da ilha, o que equivale a mais de 3 bilhões de reais anuais.

A Dinamarca, por sua vez, teme que uma separação completa deixe a Groenlândia vulnerável à influência de potências como a China e a Rússia. Para tentar manter a coesão do reino, o governo dinamarquês tem investido em infraestrutura militar na ilha e a monarquia busca reforçar os laços simbólicos.

O cenário futuro permanece incerto. Seja como um estado independente, um território sob influência americana ou mantendo o status quo com a Dinamarca, a Groenlândia se consolidou como uma peça central no tabuleiro geopolítico global, disputada por grandes potências em um Ártico em transformação.

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