A Ilha de Marajó, situada no Pará, é reconhecida pelas suas atividades turísticas. No entanto, a população denuncia exploração sexual infantil na região, além do tráfico de órgãos e isso foi abordado pela cantora gospel Aymeê Rocha, na música “Evangelho de Fariseus”, onde a artista fez uma crítica à falta de ação diante das injustiças e problemas sociais, enfrentadas no Marajó.
“Ah, enquanto isso no Marajó, o João desapareceu esperando os ceifeiros da grande Seara”.

“Marajó é uma ilha a alguns minutos de Belém, minha terra. E lá tem muito tráfico de órgãos. Lá é normal isso. Tem pedofilia em nível hard. As crianças de 5 anos, quando veem um barco vindo de fora, com turistas… Marajó é muito turístico, e as famílias lá são muito carentes. As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por R$5″, afirmou a cantora.
Histórico da Ilha do Marajó
As acusações de pedofilia e exploração sexual infantil na Ilha remontam de 2006, onde a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados trouxe documentos que mostravam o envolvimento de políticos locais com aliciadores, que levavam meninas para prostituição em Belém e Guiana Francesa.
No governo de Bolsonaro, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, abordou o tema novamente. Em 2022, a ministra falou que crianças na região teriam dentes removidos para facilitar abusos sexuais, mas sem evidências, 19 procuradores da República solicitaram uma ação civil pública contra Damares.
Artistas se mobilizam
O relato da cantora Aymeê reacendeu a pauta, e diversos artistas se mobilizaram com campanhas, a respeito dos casos, lançando a campanha #justicaporMarajo nas redes sociais.
VOCÊ SABE O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA ILHA DE MARAJÓ?
— Rafa Kalimann (@rafakalimann_) February 21, 2024
Ilha do Marajó tem menor IDH do Brasil
Cabe ressaltar ainda que, por mais turística que seja, esta região possui o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.
Em 2017, a Record realizou uma reportagem no local, evidenciando a condição de extrema pobreza, que leva crianças a serem explorados sexualmente, em troca de dinheiro, comida e óleo diesel, considerado “ouro negro”, na região. Imagens capturadas mostram meninas indo atrás dos barcos, com canoas.
Na última quinta (22), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania emitiu uma nota sobre o assunto. De acordo com a pasta, desde de 2023, a área é amparada pelo programa “Cidadania Marajó”, que combate situações de abuso e exploração de menores.
“As ações do Cidadania Marajó contam com apoio das forças de segurança federais, a exemplo da Polícia Federal [PF], da Polícia Rodoviária Federal [PRF], do Ministério da Defesa e da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, no sentido de desarticular redes de exploração, abuso e violência sexual”, ressaltam.
O Ministério afirmou ainda que fechou parceria com a Universidade Federal do Pará com investimento de R$ 1 milhão, sendo R$ 500 mil voltados ao Marajó, para implementação da Escola de Conselhos no Pará, que atenderá com diversos conselheiros tutelares.
Ouça a canção completa de Aymeê
Leia mais:
G20 no Rio: Encontro marcado por diplomacia e tensões
Israel declara Lula ‘persona non grata’; entenda
Governo Federal envia purificadores de água e medicamentos para Gaza
O que é o Hamas?
Siga nosso perfil no Instagram e curta nossa página no Facebook