Tradição se repete há mais de um século e mantém viva a promessa feita por Lindolfo Monteverde a São João Batista
Na noite desta terça-feira (24), o Boi Garantido percorreu as ruas de Parintins (AM) para cumprir uma promessa centenária que emociona gerações: a ladainha de São João Batista, celebrada anualmente como símbolo da origem do boi vermelho e branco.
A manifestação religiosa e cultural marca os 112 anos de criação do Garantido, que nasceu de uma promessa feita por Lindolfo Monteverde ao santo junino, após ter sido curado de uma grave enfermidade ainda na juventude.
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Ato de fé reúne torcedores e reacende tradições
Desde as primeiras horas da noite, torcedores se reuniram no Curralzinho do Garantido, onde foi inaugurado o Museu Vivo — espaço dedicado à preservação da memória e identidade da comunidade da Baixa da Xanda, berço do boi encarnado.
Na sequência, os presentes assistiram ao documentário “Símbolos de Resistência da Baixa da Xanda”, que narra, por meio de depoimentos e imagens, a trajetória do bairro que se tornou o coração da torcida do Garantido.
Por volta das 21h, o ponto alto da noite: o boi saiu pelas ruas acompanhado por sua galera encarnada, cumprindo a promessa de Lindolfo em frente à Igreja de São Benedito. Diante da multidão, o Garantido se ajoelhou, fez uma oração e dançou em agradecimento ao santo padroeiro.

Mãe e filha revivem memória afetiva com o boi
Entre os participantes da homenagem estava Elis Mendes, de 40 anos, e sua filha Ana Letícia Tavares, de 10, que viajaram a Parintins pela primeira vez desde a perda de seu esposo e pai da menina, vítima da Covid-19.
Segundo Elis, foi ele quem transmitiu à família a paixão pelo Garantido. “Hoje estamos aqui, depois de quatro anos, depois do falecimento dele. Isso não tem preço. O que eu puder fazer para trazer meus filhos aqui, eu vou fazer”, disse, emocionada.
Após a apresentação, Ana Letícia se aproximou do boi e compartilhou sua história. Como resposta, recebeu um abraço e palavras de carinho do boi:
“Reze muito pelo seu pai, viu? Seja muito feliz”, disse o personagem, levando a menina às lágrimas.
Fogueiras acesas e o calor da cultura popular
Durante o cortejo, o boi fez paradas nas tradicionais fogueiras de São João, acesas em frente às casas dos torcedores. Uma das mais aguardadas foi a da família de Williams Reis e Elinara Barbosa, moradores antigos do bairro.
“A emoção é muito grande. Essa tradição vem dos nossos pais e avós. O Garantido sempre para aqui e brinca com a gente. É um orgulho fazer parte disso tudo”, relatou Williams.
A ladainha do Garantido reforça o elo entre fé, cultura e pertencimento da população de Parintins. Mais que uma apresentação folclórica, o cortejo é um ato de devoção coletiva que transforma ruas em palcos sagrados de memória e resistência amazônica.
*Com informações do G1 Amazonas
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