O número de brasileiros que falam línguas indígenas teve um crescimento expressivo nos últimos 12 anos. De acordo com dados do Censo Demográfico 2022 – Etnias e Línguas Indígenas, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de falantes aumentou 47,7% entre 2010 e 2022, passando de 293,8 mil para 433,9 mil indígenas com 5 anos ou mais.
O levantamento também mostra que o Amazonas é o estado com o maior número de falantes, somando 137.421 pessoas, seguido por Mato Grosso do Sul (58.901) e Mato Grosso (42.511). Ao todo, 1.990 municípios brasileiros registraram pelo menos um morador indígena de 2 anos ou mais que fala uma língua tradicional.
Mais línguas e mais falantes fora das terras indígenas
O Censo identificou 295 línguas indígenas em uso no país, um aumento em relação às 274 registradas em 2010. A maioria dos falantes (78,34%) vive dentro das terras indígenas (TIs), mas o número de pessoas que utilizam essas línguas fora desses territórios mais que dobrou, subindo de 44,5 mil para 96,6 mil no mesmo período.
Segundo o IBGE, o mapeamento da distribuição dos falantes ajuda os municípios a criar políticas públicas de reconhecimento linguístico, o que garante acesso à cidadania, tradução de documentos oficiais e intérpretes em órgãos públicos.
“A oficialização das línguas indígenas é fundamental para ampliar o acesso a direitos e fortalecer a presença dessas comunidades nas estruturas institucionais”, destacou Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE.
Manaus tem o maior número de línguas declaradas
Entre os municípios brasileiros, Manaus concentra a maior diversidade linguística indígena, com 97 línguas declaradas. Em seguida aparecem São Paulo (77) e Brasília (60).
Fora das capitais, os destaques são São Gabriel da Cachoeira (36 línguas), Altamira (33) e Iranduba (31) todos municípios com forte presença de povos originários.
Língua Tikuna é a mais falada do país
Entre as línguas mais faladas, a Tikuna ocupa o primeiro lugar, com 51.978 falantes, sendo quase 88% residentes em terras indígenas. Na sequência estão Guarani Kaiowá (38.658 falantes) e Guajajara (29.212 falantes).
A língua Nheengatu, de origem tupi, se destaca por ser a mais usada em áreas urbanas, somando 13.070 falantes, dos quais 42% vivem em cidades.
Crescimento absoluto, mas queda proporcional
Embora o número total de falantes tenha aumentado, a proporção em relação à população indígena total caiu. Em 2010, 37,35% dos indígenas declaravam falar alguma língua tradicional. Em 2022, esse percentual caiu para 28,51%, em uma população estimada em 1,7 milhão de indígenas.
Nas terras indígenas, no entanto, o cenário é inverso: o percentual de falantes subiu de 57,35% para 63,22% entre 2010 e 2022.
Educação e preservação cultural
O IBGE aponta que o crescimento está ligado ao movimento de valorização e resgate das línguas indígenas, liderado pelos próprios povos originários.
“Nos últimos anos, houve um esforço intenso para fortalecer o uso das línguas, por meio de políticas educacionais e de valorização cultural”, afirmou Damasco.
Apesar do aumento de falantes de línguas tradicionais, o português segue predominante entre os indígenas. Em 2022, 1,4 milhão de pessoas usavam o idioma dentro dos domicílios, o equivalente a 86,3% da população indígena. Nas terras indígenas, o português é falado por 67,1% dos moradores.
De acordo com o IBGE, a educação bilíngue é essencial para equilibrar o ensino e a preservação cultural.
“Se o aprendizado ocorrer apenas em português, há o risco de enfraquecer as línguas indígenas. A alfabetização bilíngue, por outro lado, fortalece o uso e a transmissão das línguas tradicionais”, reforçou o pesquisador.
*Com informações da Agência Brasil
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