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Abin alerta para riscos de interferência e crime nas eleições de 2026

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Relatório aponta riscos crescentes para a segurança nacional, do processo eleitoral às cadeias globais de suprimento

Eleições 2026 são um dos principais pontos de atenção destacados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em uma publicação divulgada nesta terça-feira, 2 de dezembro. O documento apresenta os principais desafios identificados pela agência para o próximo ano, com foco na antecipação de ameaças à segurança do Estado e da sociedade. Entre os temas que mais preocupam, estão a segurança do processo eleitoral e ataques cibernéticos com uso de inteligência artificial.

A publicação Desafios de Inteligência Edição 2026 tem como objetivo apoiar a atuação da Abin de forma transparente, alinhada aos princípios democráticos e ao papel institucional de assessorar a Presidência da República, tanto na formulação de políticas públicas quanto na proteção de informações sensíveis.

O levantamento foi produzido com apoio de especialistas de universidades, centros de pesquisa e órgãos governamentais, que contribuíram com análises sobre clima, tecnologia, saúde, demografia, migrações e cenários geopolíticos internacional e regional.

Cinco desafios estratégicos para 2026

O relatório destaca cinco desafios considerados centrais para lidar com ameaças diretas e indiretas à segurança nacional. São eles: segurança no processo eleitoral, transição para a criptografia pos quântica, ataques cibernéticos autônomos desenvolvidos com agentes de inteligência artificial, reconfiguração das cadeias globais de suprimento e dependência tecnológica associada a interferência externa.

Em comparação ao relatório anterior, que projetava riscos para 2025, a Abin afirma que fenômenos como crise climática, mudanças populacionais e aceleração tecnológica se intensificaram. O diretor geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, afirmou durante a apresentação do documento que as dinâmicas internacionais ganharam ainda mais força ao longo do ano.

Na avaliação da agência, o contexto geopolítico atual evidencia o uso de instrumentos econômicos como mecanismos de pressão política e registra uma escalada de ameaças militares a países latino americanos, incluindo nações que fazem fronteira com o Brasil. A disputa global pela liderança no desenvolvimento e no uso da inteligência artificial é descrita como um elemento adicional de tensão.

Eleições 2026 sob risco de desinformação e influência criminosa

A Abin considera que o processo eleitoral de 2026 está sujeito a ameaças complexas e de múltiplas camadas. Segundo o relatório, o vetor principal dessas ameaças são tentativas de deslegitimação das instituições democráticas, como as que culminaram na invasão às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

O documento aponta que estratégias de manipulação de massas e disseminação de desinformação em larga escala podem voltar a ganhar força no próximo ciclo eleitoral. Além disso, a integridade do pleito pode ser afetada pela atuação crescente do crime organizado em regiões sob sua influência, assim como pelo risco de interferência externa movida por interesses geopolíticos.

Era Digital traz riscos inéditos ao Estado brasileiro

Outro ponto de destaque do relatório é o alerta para os impactos profundos da Era Digital. A Abin defende atenção redobrada às transições nos domínios do clima, demografia e tecnologia, marcados por alta interdependência e interação contínua.

Sob o ponto de vista tecnológico, o documento afirma que o Brasil enfrenta um desafio crítico: garantir soberania digital. Obstáculos incluem a dependência estrutural de hardwares produzidos no exterior e a concentração de poder nas big techs, que detêm grandes volumes de dados e influenciam decisões que afetam políticas nacionais.

A Abin reconhece avanços do país no campo da cibersegurança, como o desenvolvimento de tecnologias próprias e o uso de criptografia pos quântica em serviços governamentais. No entanto, alerta que a rápida expansão da inteligência artificial pode transformar sistemas automatizados em agentes ofensivos capazes de planejar e executar ataques digitais de forma autônoma, com potencial para desencadear conflitos.

A agência destaca ainda que a computação quântica representa um risco de médio prazo, já que poderá tornar obsoleta a criptografia atual em um período estimado entre cinco e quinze anos. Por isso, reforça a urgência da migração para algoritmos pos quânticos desenvolvidos com tecnologia nacional.

Geopolítica e cadeias de suprimentos ampliam vulnerabilidades do Brasil

A Abin afirma que o domínio digital se tornou a arena central da disputa geopolítica global e que big techs podem atuar como vetores de influência dos Estados de origem. Nesse cenário, a dependência brasileira de provedores externos em áreas essenciais como nuvem, dados e identidade digital é considerada uma vulnerabilidade estratégica grave.

A reconfiguração das cadeias globais de suprimento é outro desafio central. Fatores como a ascensão da China, a guerra econômica entre chineses e americanos e as fragilidades evidenciadas durante a pandemia aceleraram um processo de desglobalização caracterizado por tarifas agressivas e redução do uso do dólar nas transações internacionais.

O Brasil, segundo o relatório, ocupa uma posição dupla de dependência. De um lado, mantém superavit comercial baseado na exportação de commodities para a China. De outro, depende de capitais e tecnologias ocidentais, especialmente dos Estados Unidos.

Clima, energia, migrações e segurança alimentar entram na pauta

A crise climática também aparece como um ponto de atenção. A Abin lembra que 2024 foi o ano mais quente da história e que eventos extremos, como a seca amazônica e as enchentes no Rio Grande do Sul, tornaram-se mais frequentes e severos. Os impactos econômicos ultrapassam 13 bilhões de reais anuais, segundo o relatório.

A redução dos chamados rios voadores e o avanço do desmatamento colocam em risco a segurança energética, com perdas estimadas em 3,8 mil gigawatts hora por ano. Na agricultura, a agência estima que 46 por cento das pragas podem se agravar até 2100, elevando riscos para a produção de alimentos.

Em relação à demografia, o documento aponta que o aumento da longevidade e a queda da taxa de fecundidade vão alterar a composição populacional global. O relatório também cita a saída de brasileiros qualificados rumo a outros países e o aumento da migração para o Brasil, fenômenos que podem pressionar serviços públicos e elevar riscos relacionados ao crime transnacional.

A Abin alerta ainda para a crescente disputa internacional por recursos estratégicos presentes na América do Sul, como lítio, petróleo, terras raras e os recursos naturais da Bacia Amazônica.

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