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Margem Equatorial impulsiona corrida pelo petróleo e transforma cenário no Oiapoque

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A Margem Equatorial é o novo foco das atenções geopolíticas e econômicas do Brasil, provocando mudanças visíveis em regiões antes isoladas. Oiapoque, uma cidade pacata situada na orla da bacia amazônica, no extremo norte do país, vive dias de transformação acelerada. Durante a semana, a rotina tradicional de pescadores levando mercadorias ao mercado e indígenas saindo da floresta para o comércio de farinha e combustível ainda persiste. Nos fins de semana, o intercâmbio com turistas da Guiana Francesa movimenta a economia local. Contudo, sinais claros indicam que uma nova era se aproxima.

A infraestrutura da cidade começa a mudar para atender a uma demanda crescente. Hotéis estão surgindo ao longo da via principal, incluindo um empreendimento de sete andares com inauguração prevista para o próximo ano, uma estrutura que se assemelha a um arranha-céu para os padrões locais. Além disso, o pequeno aeroporto nos arredores foi reformado recentemente e o som de helicópteros tornou-se frequente, rompendo o silêncio habitual. Oiapoque prepara-se para uma expansão impulsionada pela decisão do Ibama, em 20 de outubro, de conceder à Petrobras a licença para pesquisar petróleo a 160 km da costa, na região estratégica conhecida como Margem Equatorial.

O potencial econômico da Margem Equatorial e o fator vizinhança

Esta nova fronteira exploratória na Margem Equatorial surge após mais de uma década de negociações e sob forte incentivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A pressão para a liberação aumentou significativamente após a ExxonMobil descobrir reservas comprovadas de 11 bilhões de barris na costa da vizinha Guiana. Essas descobertas, avaliadas em mais de meio trilhão de dólares, transformaram o pequeno país na economia com o crescimento mais rápido do mundo.

O sucesso exploratório se repetiu no Suriname, o que gerou reações no governo brasileiro. Lula expressou sua preocupação em não deixar o Brasil para trás nessa corrida energética, utilizando metáforas populares para defender o direito do país ao desenvolvimento econômico gerado pelo petróleo. O governo aposta que a exploração na Margem Equatorial será fundamental para repor as reservas nacionais que caminham para o esgotamento.

O cenário remete a 2006, quando a descoberta do pré-sal foi celebrada como uma “segunda independência” do Brasil. Tais reservas alçaram o país a posições de destaque no ranking global e, até 2030, deverão tornar o Brasil o quarto maior produtor mundial. No entanto, projeções indicam que, sem novas descobertas, a produção entrará em declínio, podendo transformar o país novamente em importador de petróleo a partir de 2040. O governo estima que esse cenário resultaria em perdas trilionárias de receitas para o Estado.

Riscos ambientais e biodiversidade na Foz do Amazonas

Para evitar o colapso na produção futura, o governo volta seus olhos para a Margem Equatorial, mesmo ciente dos desafios políticos junto à base eleitoral ambientalista. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estima que a região possa conter mais de 30 bilhões de barris de petróleo, com cerca de 10 bilhões recuperáveis. Isso coloca a América do Sul como a região de maior crescimento na produção de petróleo global, com previsão de aumento de um terço até 2030.

Entretanto, a exploração na Margem Equatorial envolve riscos consideráveis, pois a área está situada próxima à foz do rio Amazonas, uma das regiões mais biodiversas e menos estudadas do planeta. O estuário despeja um quinto de toda a água doce que flui para os oceanos e abriga vastos manguezais onde inúmeras espécies se alimentam.

A fauna local inclui botos-cor-de-rosa, baleias e peixes-boi. Além disso, em 2016, cientistas revelaram a existência de um recife de águas profundas com mil quilômetros de extensão. A totalidade das riquezas biológicas sob as águas turvas da Amazônia ainda é desconhecida, o que torna o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental o grande desafio desta nova fronteira petrolífera.

Leia mais:
Petróleo da Margem Equatorial e transição energética no Brasil: o plano de Marina Silva
Trabalhadores da Petrobras anunciam greve nacional a partir de segunda-feira
Petrobras recebe licença para perfuração na Foz do Amazonas

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