O Caprichoso foi coroado como o campeão da 56ª edição do folclórico Festival de Parintins. O resultado foi divulgado na tarde desta segunda-feira (3), por volta das 17h. A apuração ocorreu no Centro Cultural de Parintins, localizado no interior do Bumbódromo. Essa é a 25ª vez que o Caprichoso conquista o título, sendo o segundo consecutivo, garantindo assim o bicampeonato. O touro negro sagrou-se campeão por uma diferença mínima: 1.259 pontos, contra 1.258,8 pontos do Garantido.
A Gazeta da Amazônia preparou um resumo dos principais acontecimentos das três noites do Festival de Parintins, destacando os eventos que levaram à vitória do Boi Caprichoso na edição 2023 do festival:
Primeira noite do Festival de Parintins
Apresentação Boi Garantido
Abrindo o festival, o Boi Garantido apresentou o espetáculo “Garantido Por Toda Vida” como primeiro ato. O boi da baixa do São José trouxe como temática a importância da preservação da natureza e do respeito à mãe terra, alertando para as consequências irreversíveis que podem ocorrer se não cuidarmos do meio ambiente.
O ponto alto da noite vermelha e branca foi o ritual de nomeação Kaiapó. A celebração contou com a presença do líder indígena do povo Kaiapó, o cacique Raoni Metuktire, que também foi homenageado na alegoria e participou da cerimônia no bumbódromo.
Na arena, a sincronia das coreografias e o brilho das alegorias trouxeram uma animação extra para a torcida vermelha e branca. Além disso, o uso das toadas tradicionais favoritas dos fãs do Boi da Baixa de São José garantiu um canto forte e organizado.
Apresentação Boi Caprichoso
O Boi Caprichoso deu início ao seu espetáculo logo após a apresentação do boi rival, com o tema “O Brado do Povo Guerreiro”. O Touro Negro iluminou a Ilha Tupinambarana ao explorar a importância da ancestralidade Parintintim e do povo Amazônico para a história do país. Aproveitando a oportunidade, o boi também trouxe os aspectos da cultura amazonense que foram trazidos desde o início do festival.
A Figura Típica Regional prestou homenagem aos Quilombolas da Amazônia, um povo que, segundo a agremiação, não recebe a devida atenção. O público também se emocionou com o Ritual Indígena de Iniciação Masculina Munduruku Marupiara, que marcou a entrada dos futuros guerreiros.
A galera do Boi Caprichoso não ficou para trás em animação e complementou a Marujada de Guerra entoando todas as toadas com sincronia e alto volume, para a alegria do apresentador Edmundo Oran e do levantador de toadas Patrick Araújo.
Segunda noite do Festival de Parintins
No segundo dia, o espetáculo teve início às 21h, uma hora mais tarde do que o previsto, devido a uma forte chuva que representava um risco para a segurança, de acordo com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC).
O Boi Garantido abriu a noite mais uma vez, mas, apesar dos esforços do apresentador Israel Paulain, a torcida não conseguiu demonstrar o mesmo nível de animação da noite anterior, algo perceptível para quem assistiu ao espetáculo.
Apresentações no segundo dia do festival
Apesar disso, o boi conseguiu melhorar nos aspectos técnicos que foram problemáticos na primeira noite e entregou uma apresentação consistente, sem grandes erros. Os levantadores Sebastião Júnior e Márcia Siqueira foram destaque, mostrando toda a potência vocal em uma tentativa bem-sucedida de animar a torcida.
Encerrando a segunda noite, o Touro Negro impressionou ainda mais com o brilho e esplendor de suas gigantescas alegorias, todas bem elaboradas e executadas pela equipe técnica que trabalhou arduamente durante toda a noite.
Erros e improvisação
No entanto, o Boi Caprichoso enfrentou uma série de erros na segunda noite, com uma apresentação abaixo da média da Marujada de Guerra, o que prejudicou a sincronia do levantador e da torcida.
Mesmo após quase uma hora de show para corrigir a sincronia da Marujada, um dos adereços da Rainha do Folclore Cleise Simas quebrou bem em frente ao júri, mas a parintinense improvisou um novo adereço de mão com a parte quebrada da fantasia, mostrando sua habilidade e superação.
Em seguida, a Sinhazinha da Fazenda Valentina Cid assustou o público ao escorregar e quase cair do módulo alegórico do qual surgiu, além de enfrentar dificuldades para se locomover devido ao longo e pesado vestido de sinhá, mas completou sua apresentação de forma graciosa, apesar das adversidades.
Terceira noite do Festival de Parintins
Abrindo a última noite do festival, o boi Garantido fez uma viagem emocional pela trajetória de lutas e glórias do Boi do Coração na testa. A apresentação emocionou os torcedores da baixa do São José, que estão na expectativa de conquistar o título de campeão deste ano.
Um destaque foi o resgate de toadas clássicas, como “Mapinguari”, de 1997, e “Coração de Batuqueiro”, de 2004, que emocionaram a torcida do boi vermelho e branco.
Pontos negativos das apresentações em Partintins
O ponto negativo ficou por conta da indumentária do Pajé Adriano Paketá. O item considerado o mais forte do boi nesta temporada foi prejudicado nas três noites devido ao uso de figurinos frágeis, o que pode afetar a pontuação na apuração. A coreografia na terceira noite também foi considerada fraca por fãs de ambos os bois nas redes sociais.
Apresentação do Boi Garantido no terceiro dia
O Garantido mostrou evolução na parte artística e alegórica, tendo poucos problemas na maioria dos itens do bloco. Destaque positivo para a Lenda Amazônica “Mapinguari” e a Figura Típica Regional “Romeiro de Parintins”.
No entanto, na reta final da apresentação, o bumbá enfrentou uma série desastrosa de defeitos na demonstração do Ritual Indígena. A alegoria principal foi montada com atraso, pois ainda estava sendo finalizada quando chegaram à concentração, e chegou ao Bumbódromo incompleta e inacabada, dando um visual desleixado ao item inteiro.
Apresentação do Boi Caprichoso no terceiro dia
Por outro lado, o Caprichoso encerrou a terceira noite do Festival de Parintins já na madrugada desta segunda-feira (3). Na arena, o Touro Negro defendeu o tema “Revolução: a consagração pelo saber popular”, o terceiro ato que compõe o tema “O Brado do Povo Guerreiro”.
Nesta terceira parte, o Caprichoso exaltou os “saberes e fazeres” dos povos da Amazônia expressos na cultura popular, proclamando que, enquanto houver opressão, haverá resistência, e que o saber popular deve ser usado como arma contra a intolerância, o racismo, os preconceitos e as repressões de todas as formas.
O bumbá levou à arena quatro alegorias com altura média de 22 metros, além dos módulos que foram levantados por guindastes até a encenação folclórica, o que encantou o público azul presente no local. As alegorias foram bem recebidas, refletindo brilho e grandiosidade.
Encerramento do Festival de Parintins
O Festival de Parintins mais uma vez encantou o público com sua magnitude, além da emoção e a competição acirrada entre os bois Caprichoso e Garantido. Os dois bois mostraram todo o seu talento, tradição e paixão pelo folclore amazônico, proporcionando momentos inesquecíveis para todos os presentes.
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