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Brasil ensaia novo ciclo de expansão de minerais críticos com foco na transição energética

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Estudo inédito aponta que investimentos em infraestrutura e marcos regulatórios indicam preparação do país para liderar a produção global de commodities estratégicas.

O Brasil, historicamente reconhecido por suas vastas riquezas naturais, pode estar prestes a vivenciar um novo e robusto ciclo de crescimento econômico focado nos minerais críticos. Um estudo recente, fruto de uma parceria estratégica entre a Agência Nacional de Mineração (ANM) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela indícios fortes de que o país está superando um período de estagnação para se preparar para um “ciclo virtuoso” de expansão na produção minerária voltada à transição energética.

Embora o país seja dono de reservas significativas de elementos indispensáveis para a economia verde, o potencial brasileiro ainda não se traduziu plenamente em liderança global de produção. Contudo, o cenário começou a mudar. A pesquisa intitulada “Qual a importância do Brasil na cadeia global de minerais críticos da transição energética?” destaca que a alta recente de investimentos em pesquisa mineral e infraestrutura, somada à criação de novos mecanismos de financiamento e marcos regulatórios, pavimenta o caminho para essa retomada.

Tasso Mendonça, diretor da ANM, celebrou a cooperação técnica que resultou no levantamento. Ele ressalta que a união entre as instituições é vital para suprir a lacuna de dados econômicos no setor. “Esse é o caminho para levarmos dados para apoiar a sociedade e o governo nas políticas públicas, além do setor financeiro em relação a investimentos”, afirma o diretor, lembrando a importância de fortalecer a estrutura de economia mineral que, no passado, perdeu espaço para aspectos puramente fiscalizatórios.

Oportunidades no mercado de minerais críticos

A demanda global por minerais críticos deve explodir nas próximas décadas. O impulsionador desse movimento é o Acordo de Paris e a necessidade urgente de descarbonização das economias mundiais. Elementos como lítio, cobre, níquel, grafita, manganês e terras raras são a matéria-prima essencial para a fabricação de turbinas eólicas, painéis solares, baterias de alta capacidade e veículos elétricos.

Neste contexto, o estudo aponta que o Brasil possui uma vantagem competitiva natural. Mariano Laio, chefe da Divisão de Minerais Críticos e Estratégicos da ANM, observa uma reversão de tendência. “Desde 2023 observamos um grande aporte de recursos estrangeiros, especialmente em terras raras, lítio e grafita. Isso indica que estamos saindo do ciclo de baixo investimento para entrar em uma tendência de crescimento”, analisa Laio.

Rafael Leão, coautor do estudo e especialista do Ipea, argumenta que o Brasil pode ser a chave para o equilíbrio geopolítico do setor. Com a Europa e os Estados Unidos preocupados com o domínio chinês na cadeia de suprimentos, o Brasil surge como um parceiro seguro e com volume suficiente para aliviar a pressão global. “Apenas países como o Brasil podem se colocar como elemento capaz de aliviar essa pressão no mercado global causada pela dependência da China”, opina Leão.

Desafios da industrialização e agregação de valor

O levantamento alerta, no entanto, que possuir grandes reservas de minerais críticos não é garantia automática de prosperidade. É necessário avançar na cadeia produtiva, evitando a “maldição” de ser apenas um exportador de matéria-prima bruta.

Os pesquisadores utilizam exemplos internacionais para ilustrar o caminho a ser seguido. O Chile, por exemplo, saltou da sexta para a segunda posição no ranking de exportadores de matérias-primas metalúrgicas ao se tornar o maior exportador global de carbonato de lítio e cátodos de cobre. Já a República Democrática do Congo proibiu a exportação de cobalto bruto em 2006, forçando o desenvolvimento de refinarias internas. O resultado foi um salto no valor agregado: de US$ 0,40 para cada dólar de minério bruto em 2002, para US$ 38 em 2023.

No Brasil, a falta de investimentos passados fez o país perder participação no mercado global entre 2017 e 2022. Todavia, os sinais de recuperação são claros. Em 2023, a produção de lítio dobrou, e houve crescimento expressivo na produção de manganês (52%), cobre (26%) e zinco (25%).

Fomento e regulação impulsionam o setor

Para sustentar esse crescimento, o governo tem atuado em duas frentes: regulação e crédito. O estudo destaca avanços como o Decreto nº 10.657/2021, que agiliza o licenciamento ambiental para projetos estratégicos, e a instituição da Política Mineral Nacional.

No campo financeiro, ações do BNDES e da FINEP disponibilizaram cerca de R$ 5 bilhões para projetos de transformação mineral e tecnológica. Segundo os autores do estudo, se esse fluxo de investimentos se mantiver constante, o Brasil poderá não apenas expandir sua capacidade extrativa, mas finalmente assumir um papel de protagonista na geopolítica da transição energética global.

Assista o seminário.

Acesse o estudo na íntegra.

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