Dois meses após a entrada em vigor do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o efeito sobre as exportações brasileiras é menor do que o estimado inicialmente, segundo análise da Amcham Brasil baseada em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Dos produtos brasileiros exportados para os EUA, 44,6% sofreram a alíquota máxima de 50%, enquanto 29,5% foram sobretaxados em menor percentual. Cerca de 25,9% dos itens permanecem isentos. Entre os principais produtos atingidos estão commodities como café, carne e açúcar, que possuem facilidade de redirecionar suas vendas para outros mercados, reduzindo o impacto geral.
No setor de café, por exemplo, as exportações para os EUA caíram 56% em setembro, com expectativa de zerar nos próximos dias, enquanto países europeus, como Alemanha, se consolidam como destinos alternativos. A alta nos preços para o consumidor americano também acelerou a realocação da produção, segundo Marcos Matos, diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
No entanto, fora das commodities, o impacto do tarifaço é mais severo. Setores como madeira, móveis, máquinas e equipamentos, especialmente no Sul, Sudeste e Nordeste, enfrentam estoques lotados, aumento de custos e demissões. Empresas como Randa e Engemasa tiveram que reduzir pessoal e paralisar parte da produção devido à queda nas vendas aos EUA.
Dados do governo brasileiro mostram que, apesar do tarifaço, as exportações totais aos EUA cresceram 1,6% de janeiro a agosto. A alta foi puxada pelo primeiro semestre, mas em agosto houve queda de 18,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para contornar os efeitos das sobretaxas, algumas empresas têm buscado novos mercados na América Latina, Europa e internamente, enquanto o governo americano estuda um socorro de US$ 10 bilhões ao agronegócio para minimizar impactos. No setor de pescados, por exemplo, a empresa paulista Fider Pescados realocou parte de sua produção para o mercado interno e Canadá, enquanto reduz preços para manter clientes nos EUA.
Segundo especialistas, o impacto do tarifaço é mais significativo setorialmente e regionalmente. Enquanto as commodities conseguem redirecionar suas exportações, produtos como mel, madeira e equipamentos industriais dependem de ações estratégicas para não perder mercados.
A expectativa é que, com negociações em andamento entre Lula e Trump, novas medidas e acordos comerciais possam amenizar a sobretaxa de 50% e restabelecer parte das exportações brasileiras aos Estados Unidos.
*Com informações de O Globo
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