O impasse que impede o crescimento da produção de aparelhos de ar-condicionado na Zona Franca de Manaus (ZFM), segundo maior polo fabricante mundial do produto, atingiu o ápice nas últimas semanas. Fábricas do setor estão tomando medidas consideradas extremas, como demissões, suspensão de contratações, férias coletivas e paralisação de investimentos.
O fechamento de fábricas e o desabastecimento do produto são cenários que já começam a se desenhar.
O momento é paradoxal: o setor atravessa uma alta demanda por aparelhos de ar-condicionado, impulsionada pelos verões atípicos de 2023 e 2024. Em 2024, o segmento foi o que mais cresceu dentro do Polo Industrial de Manaus, e o mercado nacional apresenta enorme potencial — 80% dos brasileiros ainda não possuem ar-condicionado.
Com estabilidade jurídica, incentivos fiscais e o crescimento contínuo das vendas, a produção no polo explodiu. No entanto, um obstáculo tem travado o avanço das indústrias: a dependência total de uma única fornecedora de compressores.
Monopólio da Tecumseh trava setor e gera risco de desabastecimento na Zona Franca de Manaus
O problema tem nome: Tecumseh, fabricante de compressores localizada em São Paulo. A empresa detém o monopólio das vendas do componente essencial para as 17 fábricas de ar-condicionado instaladas na ZFM, entre elas gigantes como Springer Midea, Samsung e LG.
A Tecumseh, porém, reconhece incapacidade produtiva e não conseguiu acompanhar a expansão do mercado. Além disso, o Processo Produtivo Básico (PPB), que define regras para concessão de incentivos fiscais, obriga as indústrias de Manaus a comprar o componente nacional — mesmo diante da insuficiência de oferta.
Sem conseguir cumprir o PPB, as fábricas são punidas com sanções severas, que podem levar até ao fechamento de linhas de produção.
O impasse levou o setor a pressionar o governo federal pela quebra do monopólio da Tecumseh. A proposta mais viável seria permitir a importação de compressores até que o mercado nacional consiga atender à demanda crescente.
A preocupação é que o impasse provoque, em breve, desabastecimento de produtos no mercado interno, queda no faturamento e demissões em massa, mesmo em um momento de alta procura.
Indústria pressiona governo por solução imediata
A gravidade da situação levou presidentes e fundadores das principais empresas do setor a participarem pessoalmente de uma reunião com o governo federal, em Brasília, nesta semana. O encontro com o secretário executivo do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Márcio Elias, contou com a presença de 11 executivos de alto escalão, um número incomum para esse tipo de reunião.
Durante o encontro, os empresários foram categóricos: “A Tecumseh não tem condições de atender à demanda. Ainda assim, o PPB obriga as empresas a adquirir esse componente nacional, e, ao não conseguirem cumprir, são punidas injustamente”, relataram.
A Eletros, entidade que representa o setor, pediu que a obrigatoriedade de compra nacional seja ajustada à capacidade real de fornecimento da única fabricante instalada no país.
“Saímos com o compromisso do MDIC de buscar uma solução definitiva e estrutural que traga previsibilidade, segurança e mantenha a competitividade do setor e das empresas instaladas na ZFM”, resumiu Jorge Nascimento Júnior, presidente da Eletros.
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