A corrida da IA continua intensificando a disputa entre os modelos ChatGPT, da OpenAI, e Gemini 3, da Alphabet, que avançam em ritmo acelerado e mobilizam bilhões em investimentos para garantir vantagem tecnológica e comercial no setor global de inteligência artificial.
Nos últimos dias, o cenário ficou ainda mais competitivo após informações divulgadas pela revista The Decoder indicarem que a OpenAI pretende lançar nesta semana um novo modelo focado em raciocínio avançado. Segundo fontes do setor, esse modelo teria superado o desempenho do Gemini 3 em avaliações internas, em um momento em que a liderança da empresa de Sam Altman passa a ser contestada.
Gemini 3 desafia o domínio do ChatGPT e intensifica a corrida da IA
O Gemini 3 havia sido apresentado no mês passado pela Alphabet, que é a empresa controladora do Google e responsável por toda a estrutura corporativa do grupo, como sua versão mais recente de inteligência artificial. Em testes de benchmarking, o modelo superou o GPT 5 em áreas específicas, gerando impacto no mercado e provocando reações imediatas da OpenAI, que até então era considerada a líder isolada desde o lançamento do ChatGPT em 2022.
De acordo com o site The Information, citado pelo The Wall Street Journal, o CEO Sam Altman classificou a situação como código vermelho em um memorando interno. Funcionários foram orientados a focar totalmente no desenvolvimento do ChatGPT, deixando outros projetos em segundo plano.
Para especialistas, como o analista Adrian Cox, do Deutsche Bank Research, a disputa já não se limita ao desempenho técnico dos modelos. Cox reforça que a corrida da IA envolve também capacidade de processamento, infraestrutura e estratégias de monetização capazes de sustentar o uso em larga escala.
OpenAI e Alphabet adotam estratégias distintas para gerar receita
Mesmo com mais de 800 milhões de usuários semanais do ChatGPT, a OpenAI enfrenta dificuldades para se tornar lucrativa. A empresa obtém receita principalmente por meio de assinaturas, venda de soluções corporativas e pelo uso de seus modelos integrados aos produtos da Microsoft. Ainda assim, projeções indicam que os custos podem superar a receita nos próximos anos.
O banco HSBC avalia que, mesmo com a possibilidade de alcançar 213 bilhões de dólares em receita anual até 2030, a OpenAI poderia registrar prejuízo operacional superior a 70 bilhões devido aos elevados custos de infraestrutura e treinamento de modelos.
Já a Alphabet, que controla o Google, opera em um modelo diversificado. Com mais de 100 bilhões de dólares em receita trimestral, a companhia utiliza o próprio ecossistema para escalar o Gemini 3, integrando-o ao mecanismo de busca e ao segmento de nuvem, que vem apresentando crescimento expressivo.
Segundo Sundar Pichai, CEO da Alphabet, mais de 70 por cento dos clientes de nuvem já utilizam soluções de IA, enquanto o aplicativo do Gemini alcança mais de 650 milhões de usuários mensais.
Investimentos bilionários aceleram a corrida da IA
A corrida da IA também se destaca pelos montantes investidos em infraestrutura. A Alphabet projeta aplicar até 93 bilhões de dólares apenas este ano, impulsionada pela expansão de data centers e desenvolvimento de chips próprios para reduzir a dependência de fornecedores como a Nvidia.
A OpenAI, por sua vez, anunciou planos gigantescos de investir 1,4 trilhão de dólares nos próximos oito anos em infraestrutura, incluindo data centers e chips dedicados. O valor chamou atenção de investidores, que questionam como a empresa financiará projetos tão amplos sem fontes internas robustas de receita.
Enquanto isso, empresas como Meta demonstram interesse em utilizar chips desenvolvidos pelo Google em futuros data centers de IA, ampliando a competição e a interdependência no setor.
Concorrência global cresce e amplia o cenário da corrida da IA
Além da disputa direta entre OpenAI e Alphabet, o mercado observa a consolidação de outros modelos proprietários, como os da Anthropic, e o avanço significativo de soluções de código aberto. Iniciativas dos Estados Unidos, China e Europa ganham espaço, incluindo modelos franceses da Mistral e tecnologias chinesas como o DeepSeek, da Baidu, que afirma rivalizar com o GPT 5 e com o Gemini 2.5 Pro.
Para o CEO da Nvidia, Jensen Huang, a China está apenas nanossegundos atrás dos Estados Unidos na corrida tecnológica, podendo ultrapassá-los em breve.
Segundo o analista Adrian Cox, há grande probabilidade de que, em 2026, o Google assuma a liderança técnica com seus modelos, aumentando ainda mais a pressão sobre a OpenAI para desenvolver um modelo de negócios capaz de sustentar custos crescentes e atender a uma base potencial de 1 bilhão de usuários semanais.
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