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Ex-presidentes presos marcam cenário político da América Latina

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Fenômeno que se intensificou na América Latina nas últimas décadas, revelando crises institucionais, investigações por corrupção e disputas políticas que atingiram líderes de diferentes espectros ideológicos. De Bolívia ao Peru, passando por Brasil, Argentina e países da América Central, a região enfrenta um histórico de governantes que deixaram o cargo e, pouco depois, passaram a responder na Justiça – alguns com condenações definitivas e outros ainda disputando sua narrativa política.

Bolívia e o avanço de processos contra ex-líderes

A Bolívia tornou-se um dos casos mais emblemáticos entre os ex-presidentes presos. Luis Arce, que governou de 2020 a 2025 pelo MAS, foi detido em dezembro de 2025, acusado de desviar recursos de um fundo indígena. Ele permanece em custódia preventiva enquanto a investigação avança.

Também no país, Jeanine Áñez, presidente interina entre 2019 e 2020, foi presa em 2021 sob acusação de violar a ordem constitucional ao assumir o poder após a renúncia de Evo Morales. Em 2022, foi condenada a 10 anos de prisão, mas obteve liberdade em 2025 após anulação da sentença pela Suprema Corte. Apesar da libertação, ela permanece com processos em andamento e inelegível.

Brasil reúne casos marcantes de condenações e disputas jurídicas

O Brasil concentra alguns dos nomes mais conhecidos entre os ex-presidentes presos. Fernando Collor, presidente entre 1990 e 1992, foi condenado em 2023 pelo STF por corrupção e lavagem de dinheiro. Em 2025, sua pena começou a ser cumprida em prisão domiciliar, devido a fatores de idade e saúde.

Lula, presidente entre 2003 e 2010 e novamente desde 2023, foi preso em 2018 após condenação na Lava Jato. Ele deixou a prisão em 2019 e teve todas as sentenças anuladas em 2021 pelo STF, recuperando seus direitos políticos e retornando ao Planalto após vencer as eleições de 2022.

Michel Temer, que governou entre 2016 e 2018, foi preso preventivamente em 2019, acusado de liderar um esquema de corrupção ligado a obras públicas. Após novas decisões judiciais, foi colocado em liberdade e segue atuando nos bastidores da política nacional.

Jair Bolsonaro, presidente de 2019 a 2022, tornou-se o caso mais recente. Condenado em 2025 a mais de 27 anos de prisão por tentar subverter o resultado das eleições de 2022, ele cumpre pena após descumprir a prisão domiciliar. Mesmo preso, permanece influente entre setores da direita.

Argentina vive condenações de grandes figuras políticas

Na Argentina, dois líderes marcaram presença entre os ex-presidentes presos ou condenados. Carlos Menem, presidente de 1989 a 1999, foi condenado em 2013 por contrabando de armas, mas cumpriria pena domiciliar devido à idade e ao mandato no Senado. Ele foi posteriormente absolvido e morreu em 2021.

Cristina Kirchner, presidenta de 2007 a 2015 e vice-presidente até 2023, foi condenada em 2022 por administração fraudulenta. Em 2025, a Corte Suprema confirmou a sentença, que deve ser cumprida em regime domiciliar. Cristina segue relevante politicamente, mas impedida de concorrer.

América Central acumula prisões por corrupção e tráfico

A lista de ex-presidentes presos inclui ainda Ricardo Martinelli, do Panamá, condenado por lavagem de dinheiro; Juan Orlando Hernández, de Honduras, condenado nos Estados Unidos por tráfico e posteriormente perdoado, mas ainda investigado em seu país; Antonio Saca, de El Salvador, condenado por desvio de recursos públicos; e Otto Pérez Molina, da Guatemala, condenado por fraudes aduaneiras.

Peru se destaca como o país com mais ex-líderes presos

No Peru, a sucessão de escândalos levou vários ex-mandatários para a prisão. Entre eles:

  • Alberto Fujimori, condenado por violações de direitos humanos e libertado por indulto.

  • Alejandro Toledo, extraditado dos EUA e condenado por propinas da Odebrecht.

  • Ollanta Humala, condenado por lavagem de dinheiro após prisão preventiva.

  • Pedro Pablo Kuczynski, em prisão domiciliar por acusações ligadas à Lava Jato.

  • Pedro Castillo, condenado por rebelião após tentar dissolver o Congresso.

  • Martín Vizcarra, condenado por receber propinas quando era governador.

O Peru se tornou o maior exemplo de uma cadeia de instabilidade política e judicial envolvendo ex-presidentes presos, com vários casos ainda em andamento.

A sucessão de casos envolvendo ex-presidentes presos na América Latina escancara tanto o avanço de investigações e da aplicação da lei quanto a profundidade das tensões políticas que atravessam o continente. Se, por um lado, as prisões reforçam a ideia de que ninguém está acima da Justiça, por outro alimentam discursos de perseguição e disputas institucionais que se repetem em diversos países. Diante desse cenário, permanece a pergunta que ecoa entre analistas e cidadãos: essa crescente lista de ex-presidentes presos sinaliza democracias mais fortes e sistemas legais mais atuantes, ou revela um aumento de perseguições políticas em meio à instabilidade regional?

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