Gold Card é a aposta central da nova administração americana para reformular a atração de capital e intelecto estrangeiro. O presidente Donald Trump confirmou que o governo dos Estados Unidos começou a aceitar, a partir desta quarta-feira (10), as inscrições para o novo e exclusivo programa de vistos. A medida, que condiciona a residência americana a investimentos milionários, foi apresentada como uma ferramenta estratégica para injetar bilhões na economia e solucionar um gargalo antigo do setor de tecnologia: a fuga de cérebros.
Durante um encontro na Casa Branca que reuniu a elite do setor tecnológico, Trump enfatizou que o Gold Card surge como resposta direta às queixas de líderes empresariais sobre a dificuldade de manter talentos formados em solo americano. “Ouvi do Tim Cook, da Apple, e de muitas pessoas, algumas aqui na mesa, que basicamente nos Estados Unidos você não consegue manter o estudante. Você não consegue contratar pessoas das melhores faculdades porque não sabe se poderá mantê-las”, declarou o presidente.
A reunião contou com a presença de pesos-pesados da indústria, incluindo Michael Dell (Dell), Enrique Lores (HP), Antonio Neri (Hewlett Packard Enterprise) e Arvind Krishna (IBM). Para a administração republicana, as taxas geradas pelo programa têm potencial para representar uma “quantia tremenda de dinheiro” aos cofres públicos, unindo interesses fiscais à necessidade de mão de obra qualificada.
Custos, categorias e o exclusivo Platinum Card
A estrutura financeira do programa é clara e voltada para a alta renda global. Para obter a residência através do Gold Card, indivíduos deverão desembolsar a quantia de US$ 1 milhão. No caso de empresas que desejam patrocinar a residência, o valor sobe para US$ 2 milhões. Além do investimento principal, os candidatos estarão sujeitos a uma taxa administrativa de processamento e avaliação no valor de US$ 15 mil.
O governo também anunciou uma modalidade ainda mais exclusiva: o “Platinum Card”. Com um custo de US$ 5 milhões, esta categoria oferecerá um benefício fiscal significativo, permitindo que os beneficiários permaneçam nos Estados Unidos por até 270 dias sem a incidência de impostos americanos sobre sua renda obtida no exterior. No site oficial do governo, esta opção constava como “em breve” na quarta-feira.
Trump descreveu a iniciativa com entusiasmo: “Basicamente, é um green card, mas muito melhor, muito mais poderoso, um caminho muito mais forte. E um caminho é algo importante. Tem que ser gente boa, mas é um caminho muito mais forte”.
Tensões entre política migratória e economia
O lançamento do Gold Card coloca em evidência as contradições da atual gestão. Enquanto a Casa Branca promove uma repressão agressiva à imigração, tanto legal quanto ilegal, busca simultaneamente revitalizar a indústria nacional e manter o espírito de inovação. Líderes empresariais, embora apoiem a desregulamentação e as políticas fiscais de Trump, têm expressado preocupação crescente de que as restrições migratórias possam forçar profissionais altamente qualificados a buscar oportunidades em nações concorrentes.
O programa, anunciado originalmente em setembro, é uma tentativa de equilibrar essa equação, atraindo imigrantes de alto poder aquisitivo. Uma ordem executiva instruiu os secretários de Comércio, Estado e Segurança Interna a tomarem “todas as medidas necessárias e apropriadas para implementar o programa Gold Card” dentro de um prazo de 90 dias, que se encerra em 18 de dezembro.
Implementação e desafios legais
Para viabilizar o programa sem a necessidade imediata de nova legislação, o que exigiria aprovação do Congresso, a administração Trump planeja utilizar estruturas legais já existentes. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, explicou através da rede social X (antigo Twitter) que os pagamentos permitirão que os indivíduos recebam “green cards EB-1 ou EB-2 acelerados após rigorosa avaliação”.
Essas categorias de vistos (EB-1 e EB-2) são tradicionalmente reservadas para pessoas com habilidades extraordinárias ou graus acadêmicos avançados. Especialistas em imigração alertam, no entanto, que mudanças profundas na política de vistos geralmente requerem o aval do Legislativo, o que pode gerar debates jurídicos sobre a validade dos novos critérios de “venda” de residência baseada puramente em taxas elevadas.
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