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Operação em MT e AM recupera R$ 60 mil desviados em golpes online

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Uma complexa investigação sobre golpes online culminou na deflagração da “Operação Dardanário”, uma ação policial coordenada com o objetivo de desarticular uma sofisticada associação criminosa. O grupo é suspeito de aplicar múltiplos golpes virtuais, causando prejuízos significativos a vítimas nos estados do Mato Grosso e Amazonas. A operação cumpriu um total de dezoito mandados judiciais, distribuídos estrategicamente entre as cidades de Cuiabá (MT) e Manaus (AM), incluindo seis mandados de busca e apreensão, seis de quebra de sigilo telefônico e seis de bloqueio bancário.

O esquema detalhado dos golpes online: como o ‘golpe do intermediário’ fez vítimas

A investigação, conduzida pela Delegacia Especializada de Estelionato de Várzea Grande (MT), teve como ponto de partida o caso de um idoso, de 69 anos, morador daquele município. No ano de 2023, ele se tornou uma das vítimas do engenhoso “golpe do intermediário”, uma modalidade de fraude que tem se tornado alarmantemente comum no ambiente digital.

Segundo a apuração policial, o idoso encontrou em uma popular rede social o anúncio de um carro utilitário esportivo que lhe interessou. Ele iniciou as negociações com um homem que se identificava virtualmente como “Rafael”. Este suposto vendedor, que atuava como o criminoso intermediador, afirmou que o veículo estaria na cidade de Tangará da Serra, sob os cuidados de seu “sobrinho”.

O que a vítima de 69 anos não sabia era que o “sobrinho”, na verdade, também era uma vítima no mesmo esquema. Este segundo indivíduo estava, simultaneamente, negociando um imóvel com o mesmo criminoso, “Rafael”. O golpista manipulava ambas as partes, fazendo com que o comprador do carro (o idoso) acreditasse estar pagando ao vendedor do carro (o ‘sobrinho’), enquanto o vendedor do imóvel (o ‘sobrinho’) acreditava que receberia o dinheiro de “Rafael” pelo seu imóvel.

Induzido ao erro pela engenharia social do criminoso, o idoso realizou duas transferências bancárias para contas fornecidas pelo golpista: uma no valor de R$ 30 mil e outra de R$ 3 mil, totalizando R$ 33 mil. Conforme detalhado pela polícia, a segunda vítima, o suposto “sobrinho”, nunca recebeu esses repasses, consolidando o prejuízo e a eficácia do golpe.

A estrutura da associação criminosa: de Cuiabá a Manaus

O meticuloso trabalho investigativo conseguiu rastrear a origem e o destino dos valores, desenhando a estrutura da associação criminosa. As investigações apontaram que o golpista que atuava como o falso intermediador “Rafael” era, na verdade, um jovem de apenas 20 anos, residente no bairro Sol Nascente, em Cuiabá (MT). Ele seria o “cérebro” da captação das vítimas e da comunicação fraudulenta.

Contudo, a rota do dinheiro ilícito não terminava no Mato Grosso. O valor transferido pela vítima foi recebido inicialmente por uma mulher. Esta, agindo rapidamente para dificultar o rastreamento, realizou a “pulverização” do dinheiro. Esta tática, comum em esquemas de lavagem de dinheiro, consiste em fracionar o montante ilícito e transferi-lo para diversas outras contas, tornando a recuperação dos valores uma tarefa complexa para as autoridades.

As investigações confirmaram que o dinheiro foi distribuído para, pelo menos, outras cinco contas bancárias distintas. O elo interestadual do crime foi estabelecido quando a polícia identificou que todos os titulares dessas contas de destino eram residentes da cidade de Manaus, capital do Amazonas.

O impacto da ‘Operação Dardanário’ e as provas coletadas

A ‘Operação Dardanário’ foi deflagrada para estancar a atividade criminosa e colher provas robustas. Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, os policiais conseguiram apreender materiais de grande valor para a investigação.

Foram encontrados diversos cartões bancários em nome de terceiros, reforçando a suspeita do uso de “contas de aluguel” para a movimentação financeira dos golpes online. Além disso, foi apreendido um valor de R$ 1,9 mil em espécie e, principalmente, cinco aparelhos celulares. Estes dispositivos são considerados peças-chave, pois podem conter registros de conversas, dados de contas e detalhes de outras transações fraudulentas. Todo o material eletrônico será submetido à perícia técnica.

A ação foi executada pela Delegacia Especializada de Estelionato de Várzea Grande e contou com uma parceria operacional fundamental da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), da Polícia Civil do Amazonas, demonstrando a necessidade de cooperação entre as forças de segurança de diferentes estados para combater o crime virtual, que não respeita fronteiras geográficas.

Os suspeitos identificados e localizados nos dois estados são agora formalmente investigados por um conjunto de crimes graves: fraude eletrônica (especificamente pelos golpes online), associação criminosa e lavagem de dinheiro. A Polícia Civil informou que as investigações seguem em andamento, pois há suspeita da participação de outros indivíduos na rede criminosa.

Leia mais:
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