Diagnóstico precoce pode elevar as chances de cura para até 70 a 80%, diz Jeanne Lee Coutinho, oncopediatra da FCecon.
O câncer infantil é a primeira causa de morte por doença em crianças e a segunda causa de óbito em geral.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que no triênio 2023/2025 ocorrerão, a cada ano, 7.930 novos casos de câncer em crianças e jovens de 0 a 19 anos de idade. No Amazonas, serão 200 novos casos a cada ano.
Nos países de alta renda, entre 80% e 85% das crianças acometidas por câncer podem ser curadas atualmente. No Brasil, o percentual é mais baixo e variável entre as regiões, mas apresenta média de cura de 65%.
Os dados mais recentes, de 2020, revelam que foram registrados 2.280 óbitos em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos no Brasil.
Apesar da alta taxa de mortalidade infantil, quando o diagnóstico é feito precocemente, as chances de cura podem chegar até 70% a 80%, conforme a Oncopediatra Jeanne Lee Coutinho, da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon).
Segundo a oncopediatra, existe a predominância de tipos de cânceres de acordo com a faixa etária. Os tumores renais cometem, em sua maioria, as crianças, enquanto, em adolescentes de 15 a 19 anos, são mais frequentes os tumores epiteliais, tais como tireoide e carcinomas, e os melanomas.
Outros tipos de cânceres como a leucemia, linfoma e tumores do sistema nervoso central também são comuns.
Sintomas
A oncopediatra Jeanne explica que os sintomas são inespecíficos e comuns a outras doenças da infância, “mas devem acender o alerta para o câncer naquelas crianças que voltam várias vezes ao serviço de urgência com sintomas e sinais persistentes ou que aumentam de intensidade”.
Os sintomas podem ser:
- anemia;
- febre persistente;
- dor abdominal;
- dor nas pernas;
- fraqueza;
- estrabismo, dor de cabeça;
- ínguas pelo corpo;
- manchas roxas não relacionadas a traumas;
- massas ou caroços pelo corpo;
- como reflexo esbranquiçado nos olhos (leucocoria).
Os exames laboratoriais e de imagem para o diagnóstico do câncer infantojuvenil podem ser realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), via Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), que regula os exames para as clínicas de imagem, e laboratórios da cidade de Manaus, além dos locais para exames iniciais no interior.
Tratamento
No caso dos tumores hematológicos, o tratamento é realizado na Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) e quase exclusivamente com quimioterapia.
Tumores sólidos pediátricos são tratados na FCecon com cirurgia, radioterapia e quimioterapia. São tratamentos complexos e muitas vezes demorados, que necessitam de um acompanhamento multidisciplinar com vários profissionais envolvidos com a causa.
As crianças e seus familiares podem, ainda, contar com o suporte de ONGs, como o Grupo de Assistência à Criança com Câncer (Gacc), que oferece programas nutricionais, sociais e psicológicos de apoio.
Em geral, o tratamento de um câncer infantil leva de seis meses a dois anos, dependendo do tipo de doença apresentada pelo paciente. Após esse prazo, a criança fica em acompanhamento, ou “no controle”, por cinco anos.
Se a doença não voltar a se manifestar durante esses cinco anos, pode-se considerar o paciente curado.
Dia 15 de fevereiro
Nesta quarta-feira (15), é celebrado o Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil.
A data foi escolhida para celebrar a Luta Internacional Contra o Câncer Infantil, instituído pela Confederação Internacional de Pais de Crianças com Câncer (ICCCPO). Tem como objetivo alertar os responsáveis sobre a importância de estarem atentos aos sinais e sintomas das crianças e adolescentes, para que por meio do diagnóstico precoce as chances de cura sejam maiores.
Projeto de Lei
O Projeto de Lei (PL) n° 44/2023 visa instituir no Estado do Amazonas a “Semana de Prevenção e Diagnóstico do Câncer Infantil”, que deverá ser realizada entre os dias 23 e 30 de novembro.
O PL de autoria da deputada Joana Darc (União Brasil) tem o intuito de combater e conscientizar a população sobre os sintomas mais comuns presentes em crianças com câncer.
A proposta defende que o Poder Executivo crie campanhas educativas e permanentes sobre os benefícios do diagnóstico precoce do câncer infantil para que possa ser tratado com maior chance de superação.
A campanha poderá ser realizada através de panfletos e cartazes, contendo alertas e informações sobre os sintomas do câncer infantil, para que se busque orientação especializada. As informações deverão ser exibidas em todos os meios de comunicação disponíveis do Amazonas.
Além disso, proporcionar, permanentemente, por meio de campanhas educativas, a redução e o controle de fatores de risco para o câncer na infância, chamando a atenção para o sobrepeso e a obesidade, bem como para a alimentação saudável e para a prática regular de exercícios físicos.
