O cenário de tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela atingiu um novo patamar nesta quarta-feira, 15. O presidente americano, Donald Trump, declarou que seu governo está considerando ativamente a possibilidade de realizar ataques em terra contra cartéis de droga na Venezuela. A declaração, feita no Salão Oval, representa uma escalada significativa na estratégia da Casa Branca e ocorre em um momento de intensificação das operações militares americanas contra os cartéis de droga na região do Caribe.
Em resposta direta a um questionamento da imprensa, Trump foi enfático sobre os próximos passos ao afirmar.
“Certamente estamos pensando agora na terra, porque já temos bem sob controle o mar”
Esta fala confirma a disposição do governo americano em ampliar o escopo de suas ações, que até então estavam concentradas em interceptações marítimas. Além disso, Trump corroborou uma reportagem do jornal The New York Times, admitindo ter autorizado a Agência Central de Inteligência (CIA) a conduzir operações secretas direcionadas a Caracas.
Operações no Caribe: o cerco militar aos cartéis de droga
A movimentação militar dos EUA na região já é expressiva. Nas últimas semanas, forças americanas realizaram ataques a cinco embarcações no Mar do Caribe, resultando em pelo menos 27 mortes. Segundo a administração Trump, os navios, ligados aos cartéis de droga, estavam transportando narcóticos com destino aos Estados Unidos.
Esta ofensiva é parte de uma mobilização maior, ordenada por Trump em agosto, que deslocou cerca de 10 mil militares para a região. O aparato bélico inclui oito navios de guerra de alta capacidade, como submarinos, contratorpedeiros e uma embarcação de assalto anfíbio, todos com a justificativa de desmantelar as operações dos cartéis de droga na região. A fala do presidente sobre o controle marítimo sugere que, na visão de Washington, esta fase da operação foi bem-sucedida, abrindo caminho para uma nova frente terrestre contra os mesmos cartéis de droga.
A CIA e a nova autoridade para ações letais
A confirmação de que a CIA recebeu autorização para agir secretamente na Venezuela adiciona uma camada de complexidade à situação. Trump justificou a medida alegando que líderes venezuelanos “esvaziaram suas prisões nos Estados Unidos da América”, uma acusação para a qual não foram apresentadas evidências concretas.
Esta nova diretriz confere à CIA um poder de ação sem precedentes no contexto venezuelano, permitindo a execução de operações letais e uma variedade de missões secretas no Caribe. A agência poderá atuar de forma unilateral contra o governo de Nicolás Maduro, cujos membros são acusados de ter ligações com os cartéis de droga ou em coordenação com uma operação militar mais ampla, o que representa uma ameaça direta à estabilidade do regime chavista.
Estratégia para derrubar Maduro e a pressão diplomática
A postura agressiva de Trump reflete uma frustração crescente com o governo venezuelano. No início deste mês, o presidente americano ordenou o fim de todas as negociações diplomáticas com a administração de Maduro. A decisão foi motivada pela recusa do líder venezuelano em acatar as exigências dos EUA para deixar o poder e pela contínua negação de envolvimento no tráfico de drogas.
Segundo o departamento de Justiça americano, a ligação de militares venezuelanos com os cartéis de droga é antiga, datando do governo de Hugo Chávez. A estratégia atual, desenhada pelo Secretário de Estado Marco Rubio com o apoio do diretor da CIA, John Ratcliffe, tem um objetivo claro: a remoção de Nicolás Maduro do poder. Para aumentar a pressão, os EUA ofereceram uma recompensa de US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 270 milhões) por informações que levem à sua prisão. A base legal para uma ação militar foi consolidada por um decreto assinado por Trump que equipara os cartéis a organizações terroristas.
Contexto político venezuelano
A crise se aprofunda em um cenário político interno já conturbado. Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato em uma eleição marcada por amplas acusações de fraude. A falta de transparência na divulgação dos resultados eleitorais minou a legitimidade do pleito. Após a votação, o principal candidato da oposição, Edmundo González, exilou-se na Espanha. Enquanto isso, a líder opositora María Corina Machado, que vive na clandestinidade, recebeu na semana passada o Prêmio Nobel da Paz, um gesto de forte reconhecimento internacional à sua luta.
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