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Dona da Arezzo é proprietária de mansão onde polícia apreendeu cocaína negra

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Investigação mira Liege Aurora Pinto da Cruz e apura como 56 kg de drogas foram armazenados em imóvel de empresária de elite sem seu conhecimento

A localização de 56 quilos de entorpecentes, incluindo a sofisticada cocaína negra, em uma mansão na Ponta Negra, zona Oeste de Manaus, deixou de ser apenas uma apreensão de drogas para se tornar um intrincado quebra-cabeça policial envolvendo a elite empresarial amazonense. O foco das autoridades agora recai sobre a proprietária do imóvel: Liege Aurora Pinto da Cruz, de 74 anos. Sócia-administradora da franquia de calçados Arezzo em Manaus, a empresária se vê no centro de uma investigação que tenta esclarecer o seu grau de envolvimento — ou a sua total ignorância — a respeito do depósito de drogas operado dentro de seus muros.

A operação do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), que revelou o esquema ligado ao Comando Vermelho, expôs uma contradição que os investigadores tentam desatar. Como uma residência de alto padrão, pertencente a uma figura pública conhecida no comércio local, tornou-se um entreposto internacional de cocaína negra? A substância encontrada não é um produto comum do tráfico varejista. Misturada com carvão ativado para burlar testes químicos e olfativos, a droga possui alto valor de mercado e exigiria, em tese, uma logística de ocultação que dificilmente passaria despercebida em uma rotina doméstica comum.

A tese da defesa e os pontos cegos

A defesa de Liege Aurora sustenta que a empresária é alheia aos crimes cometidos em sua propriedade. Em depoimento, ela afirmou que os entorpecentes estavam restritos ao anexo destinado aos caseiros, um casal de peruanos que trabalhava no local há mais de dez anos. O argumento central é o distanciamento: Liege frequentaria o imóvel apenas esporadicamente aos fins de semana e, na data da operação, estava fora do país. A estratégia jurídica busca isolar a responsabilidade penal nos funcionários, German Alonso Pires Rodrigues e Jeyme Farias Batalha, que permanecem presos.

No entanto, essa versão enfrenta o ceticismo das autoridades policiais. O volume e o valor da cocaína negra apreendida — avaliada em milhões de reais — são incompatíveis com a realidade econômica dos caseiros. A investigação questiona a viabilidade de dois funcionários manterem, por conta própria e sem suporte externo ou conivência superior, uma operação de tamanha magnitude financeira e logística. Ocultar dezenas de quilos de droga em móveis e fundos falsos, visando exportação para a Austrália, sugere uma estrutura de comando que, usualmente, vai além da figura de simples empregados domésticos.

O peso da responsabilidade proprietária

O caso levanta debates sobre a responsabilidade de proprietários em relação ao uso de seus imóveis, especialmente quando há vínculos empregatícios longos, como a década de serviço prestado pelo casal de caseiros. A Polícia Civil aprofunda as diligências para verificar se a alegação de desconhecimento por parte da dona da Arezzo se sustenta diante das provas periciais. O caderno de anotações encontrado, que guiava os policiais aos esconderijos da cocaína negra, é uma das peças-chave. As autoridades buscam rastros financeiros ou de comunicação que possam ligar — ou afastar definitivamente — a empresária do núcleo decisório da facção criminosa.

Enquanto a defesa reforça que Liege se colocou à disposição da Justiça, a opinião pública e os investigadores aguardam respostas. A simples negligência na vigilância do patrimônio é uma explicação suficiente para a presença de um arsenal químico de drogas em uma mansão? Ou haveria camadas mais profundas de associação ainda não reveladas? A presença da cocaína negra, um produto de “elite” do tráfico, na casa de uma empresária de renome, cria um cenário onde as coincidências são vistas com extrema reserva pela polícia. O desfecho do inquérito determinará se Liege Aurora foi vítima da traição de funcionários de confiança ou se o buraco na Ponta Negra é, de fato, mais embaixo.

Assista ao vídeo:

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