Cai o sigilo sobre o relatório final da Polícia Federal que indicia Bolsonaro e outras 16 pessoas pelos crimes de associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informações, falsidade ideológica de documento público e uso de documentos falsos.
De acordo com o relatório, Jair Bolsonaro emitiu a ordem para falsificar os certificados de vacinação contra covid-19 afim de obter vantagens ilícitas para si mesmo, sua filha Laura e pelo menos nove outras pessoas que se beneficiaram do esquema orquestrado por Mauro Cid.
O documento diz que “os elementos de prova coletados ao longo da presente investigação são convergentes em demonstrar que Jair Messias Bolsonaro agiu com consciência e vontade determinando que seu chefe da Ajudância de Ordens intermediasse a inserção dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha”.
Fato é que o ex-presidente sempre negou ter sido imunizado contra o Covid-19 e fez uma ostensiva campanha ideológica contra a vacina enquanto exercia o poder. Porém, sem o cartão de vacinação completo, não poderia embarcar para os EUA. Por isso, ordenou que seu cartão fosse fraudado para burlar as exigências sanitárias impostas pelo país, para que pudesse entrar nos Estados Unidos, seu destino em 30 de dezembro de 2022.
Fraude no cartão de vacinas e tentativa de golpe
Em um dos trechos, o relatório cita o “uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens ilícitas, no caso a ‘Inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina’, pode ter sido utilizado pelo grupo para permitir que seus integrantes, após a tentativa inicial de Golpe de Estado, pudessem ter à disposição os documentos necessários para cumprir eventuais requisitos legais para entrada e permanência no exterior (cartão de vacina), aguardando a conclusão dos atos relacionados a nova tentativa de Golpe de Estado que eclodiu no dia 08 de janeiro de 2023”.
Mauro Cid confirmou todo o esquema em sua colaboração premiada afirmando que imprimiu os certificados e entregou em mãos ao então presidente da República, Jair Bolsonaro.
A relação entre a fraude no cartão de vacina e a tentativa de golpe de 8 de janeiro é demonstrada ao longo do relatório da PF. “O presente eixo relacionado ao uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens ilícitas, no caso a ‘Inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina’, pode ter sido utilizado pelo grupo para permitir que seus integrantes, após a tentativa inicial de Golpe de Estado, pudessem ter à disposição os documentos necessários para cumprir eventuais requisitos legais para entrada e permanência no exterior (cartão de vacina), aguardando a conclusão dos atos relacionados a nova tentativa de Golpe de Estado que eclodiu no dia 08 de janeiro de 2023”, relata o documento.
A fraude
Os dados registrados no Ministério da Saúde, constantes no cartão de vacinação, apontam que Bolsonaro foi imunizado em 19 de julho de 2021 em uma Unidade Básica de Saúde no Parque Peruche, zona norte de São Paulo. No entanto, a Controladoria-Geral da União apurou que não só o lote que consta no sistema da pasta não estava disponível naquela data e naquela unidade, como o fato de que o ex-presidente não se encontrava na capital paulista nesta data.
A investigação da Polícia Federal apontou que o IP de origem da emissão do certificado falsificado de vacina veio de dentro do próprio Palácio da Alvorada, assim como a impressora utilizada para imprimi-lo.
Leia mais:
Bolsonaro é indiciado por fraude na carteira de vacinação
Investigação da CGU conclui que registro de vacinação de Bolsonaro é falso
Afinal, Bolsonaro pode ser preso nos próximos dias?
Siga nosso perfil no Instagram e curta nossa página no Facebook