Parlamentares apontam suposta interferência do ministro junto ao Banco Central e citam contrato milionário de escritório de advocacia ligado à família do magistrado; defesa nega irregularidades.
A Liderança da Oposição na Câmara dos Deputados anunciou, nesta terça-feira (23), que protocolará um novo pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa, liderada pelo deputado Cabo Gilberto (PL-PB), baseia-se em reportagens recentes que apontam uma suposta atuação do magistrado em favor do Banco Master. Paralelamente, senadores articulam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso.
O movimento político ganhou força após a revelação, feita pelo jornal O Globo e confirmada pela CNN, de que Moraes teria procurado o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para tratar de interesses da instituição financeira comandada pelo banqueiro Daniel Vorcaro. Além da questão administrativa, as denúncias envolvem laços financeiros: o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, teria firmado um contrato de R$ 129 milhões com o Banco Master. O acordo prevê pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões até 2027, independentemente do êxito nas causas.
Mobilização no Congresso
Em comunicado oficial, a oposição argumenta que o pedido de impeachment visa preservar a “segurança jurídica e a credibilidade das instituições brasileiras”. O texto destaca a necessidade de uma apuração imparcial e cobra do Senado Federal uma atuação isenta no processo.
O deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) afirmou à CNN que o grupo aproveitará o período de recesso parlamentar para ampliar o apoio ao requerimento.
“Vamos aproveitar o fato de ter o recesso pela frente para buscar o máximo de assinaturas de deputados e senadores para esse pedido de impeachment e tendo em vista esse fato novo. Também estamos avaliando um abaixo-assinado para que a sociedade possa assinar também”, declarou Van Hattem.
No Senado, a articulação para uma CPI está sob análise do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que confirmou a intenção de providenciar o pedido logo após o retorno das atividades legislativas.
Contexto das investigações e sigilo
O caso Banco Master envolve uma série de complexidades jurídicas e institucionais. O processo tramita atualmente sob sigilo absoluto no STF, após o ministro Dias Toffoli avocar (trazer para si) a investigação. A decisão impediu o acesso público aos autos.
A condução do inquérito por Toffoli também gerou questionamentos por parte da oposição, especialmente após a determinação para que dados da quebra de sigilo bancário de Daniel Vorcaro fossem retirados dos arquivos da CPMI do INSS e mantidos sob guarda exclusiva da Presidência do Senado.
O outro lado
Em nota oficial, o ministro Alexandre de Moraes negou qualquer atuação ilícita. O magistrado confirmou ter realizado reuniões com o presidente do Banco Central, além de encontros com a presidente do Banco do Brasil e executivos do Itaú, Santander, BTG e Febraban.
Segundo Moraes, as audiências trataram exclusivamente das consequências da aplicação da “Lei Magnitsky” (legislação norte-americana que impõe sanções globais a violadores de direitos humanos e corruptos) e seus impactos em contas correntes e movimentações bancárias no Brasil. A defesa sustenta que os diálogos foram institucionais e não visaram beneficiar interesses privados.
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