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Lula e Trump se reúnem na Malásia para negociações bilaterais

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O encontro entre Lula e Trump neste domingo (26/10), em Kuala Lumpur, Malásia, marcou a primeira reunião formal entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos. O foco principal foi buscar soluções para a tarifa de 50% imposta por Washington às importações brasileiras e para as sanções aplicadas contra autoridades do Brasil. O presidente Lula classificou a reunião como “ótima” e afirmou que as negociações continuam “imediatamente” entre as equipes dos dois países.

A reunião bilateral ocorreu durante a 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Segundo o chanceler brasileiro Mauro Vieira, a conversa foi “muito descontraída, alegre até”.

Vieira detalhou que o presidente americano elogiou a trajetória do líder brasileiro. “O presidente Trump declarou admirar o perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, tendo sido perseguido no Brasil e tendo se recuperado, provado a sua inocência e voltado a se apresentar e vitoriosamente conquistado o seu terceiro mandato”, disse o chanceler.

Antes do início da conversa, Trump afirmou ser “uma honra estar com o presidente do Brasil” e previu “ótimos acordos”. Lula, por sua vez, havia prometido “boas notícias” e destacou o interesse brasileiro em manter uma “relação extraordinária” com os EUA.

Encontro do Presidente Lula com Presidente dos Estados Unidos.
Encontro do Presidente Lula com Presidente dos Estados Unidos. Fotos: Ricardo Stuckert / PR

“É uma grande honra estar com o presidente do Brasil. Acho que conseguiremos fechar bons negócios para ambos os países. Sempre tivemos um bom relacionamento — e acho que continuará assim”, disse o presidente, segundo publicação da Casa Branca em suas redes sociais.

O foco nas tarifas e sanções

O objetivo central do encontro foi destravar o impasse comercial iniciado em julho, quando os EUA anunciaram tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, afetando duramente setores como o agrícola e o de carne bovina. Além disso, a Casa Branca impôs sanções financeiras e restrições de visto ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e sua esposa, Viviane Barci de Moraes.

Na época, o governo Trump indicou que as medidas tinham natureza política, ligadas ao julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por incitar ataques às instituições. O Brasil classificou as sanções como um ataque à soberania e uma interferência no Judiciário.

Segundo o secretário-executivo do MDIC, Márcio Rosa, o tema Bolsonaro não foi discutido diretamente na reunião e Trump não mencionou seu aliado. No entanto, Lula abordou as sanções contra as autoridades brasileiras. Questionado por jornalistas antes da reunião sobre o ex-presidente brasileiro, Trump comentou: “Eu sempre gostei do Bolsonaro. Me senti mal com o que aconteceu com ele.”

O chanceler Mauro Vieira afirmou esperar que “em pouco tempo agora, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil.”

Contexto da reunião entre Lula e Trump

A relação entre os dois presidentes, anteriormente distante, começou a melhorar em setembro, após um breve cumprimento durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Na ocasião, Trump afirmou que houve “química excelente” com o brasileiro.

Desde então, as negociações avançaram. Em 6 de outubro, os líderes realizaram uma videoconferência de 30 minutos, onde Lula solicitou a retirada das tarifas e sanções. Em 16 de outubro, o chanceler Mauro Vieira reuniu-se com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington, para estabelecer um plano de ação.

Apesar da reaproximação, a retórica se manteve firme nos dias anteriores ao encontro. Na quarta-feira (22/10), Trump defendeu as tarifas, dizendo que os pecuaristas americanos “estão indo bem” por causa delas. Na quinta (23/10), Lula, na Indonésia, voltou a defender moedas alternativas ao dólar no comércio global, como o Pix e sistemas dos Brics, para “não ficar dependentes de ninguém”. A defesa de alternativas à moeda americana foi um dos motivos citados por Trump para as taxas.

Venezuela e outras pautas estratégicas

Durante a conversa, Lula também se ofereceu para atuar como “interlocutor” entre os Estados Unidos e a Venezuela. A oferta surge em um momento de alta tensão, com os EUA enviando força militar ao Caribe e, segundo Trump, autorizando a CIA a atuar contra Nicolás Maduro.

“O presidente Lula levantou o tema e disse que a América Latina e a América do Sul […] é uma região de paz. E ele se prontificou a ser um contato”, disse Vieira. Atualmente, Lula e Maduro mantêm relações distanciadas, desde que o Brasil não reconheceu a última reeleição do líder venezuelano.

Além das questões comerciais e diplomáticas, a delegação americana tem interesse em discutir a regulação de big techs, a mineração de terras raras e o acesso ao mercado de etanol no Brasil.

A viagem de Lula ao Sudeste Asiático, que também incluiu a Indonésia, faz parte da estratégia brasileira de diversificação de rotas comerciais. Acompanham o presidente os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), além do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

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