Mesmo após dois anos do lançamento do programa Escolas Conectadas, do governo federal, a internet ainda não chega a grande parte das escolas públicas do Amazonas. De acordo com dados do Ministério da Educação, das 3.063 unidades mapeadas no estado, apenas 1.132 contam com conexão ativa, o que representa 36,9% do total.
O índice é considerado um dos mais baixos do país e está bem abaixo da média nacional, que ultrapassa 65%.
Situação crítica no interior do estado
O problema é ainda mais grave em São Gabriel da Cachoeira, município localizado no extremo norte do Amazonas. Das 217 escolas cadastradas, somente 99 receberam acesso à internet até o momento. A maioria das unidades fica em áreas isoladas, onde o transporte só é possível por via fluvial.
Uma das comunidades beneficiadas recentemente foi São Joaquim Mirim, que reúne cerca de 20 famílias. A escola local recebeu uma nova estação de energia solar, necessária para suportar o uso da internet via satélite.
O professor Roberto Carlos Batista Cordeiro, que leciona na comunidade, explica que a chegada da conexão deve mudar a rotina das aulas.
“Sem internet não dá para cobrar pesquisa dos alunos. Com internet, a realidade muda”, afirmou.
Conexão instável na zona urbana
Mesmo nas áreas urbanas, o acesso à internet ainda é limitado. Em São Gabriel da Cachoeira, uma das escolas estaduais passou a contar com fibra óptica no ano passado, oferecendo Wi-Fi para cerca de 1.200 alunos. No entanto, a rede é instável e não atende toda a demanda.
“Melhorou um pouco, mas não dá conta de todo mundo”, relata a estudante Kelly Sandoval, de 18 anos.
A diretora da unidade, Edineia de Souza Pimenta, também confirma a lentidão do serviço:
“Funciona, mas não é rápida. Quando chove, piora. À tarde, preciso usar meu próprio plano de dados para trabalhar.”
Durante a noite, parte das aulas é transmitida de Manaus para cinco turmas por meio de internet via satélite contratada de uma empresa privada. O sistema implantado pelo governo é utilizado para outras atividades escolares, mas também apresenta falhas frequentes.
“No fim do mês, a internet oscila muito. Às vezes nem conecta”, relata a professora Arlete Miranda da Silva.
Ensino ainda depende do método tradicional
Enquanto a conectividade não alcança todas as escolas, professores e estudantes continuam dependendo de recursos impressos, como cartazes e livros didáticos. Muitas salas de aula seguem improvisadas, e a falta de uma conexão estável impede a adoção de práticas digitais no ensino.
Ministério promete ações de melhoria
Em nota, o Ministério das Comunicações informou que enviará uma equipe técnica ao município de São Gabriel da Cachoeira para verificar a qualidade do sinal e corrigir falhas. O objetivo é garantir acesso à internet em toda a rede pública da região.
A pasta destacou ainda que o projeto tem avançado no Amazonas: em agosto de 2024, apenas 25% das escolas estavam conectadas; atualmente, o percentual chega a 47,7%, segundo o governo federal.
*Com informações da Rede Amazônica
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