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Seca do Rio Madeira revela navio do século XIX em Manicoré

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Restos de uma embarcação histórica foram descobertos na passagem do Pedral do Marmelo, no município de Manicoré, no interior do Amazonas. A intensa seca que afeta o Rio Madeira neste ano expôs os destroços de um navio que, segundo historiadores, remonta ao Século XIX.

Nesta quarta-feira, 16, o nível do Rio Madeira registrou 10,53 metros, conforme dados da Defesa Civil do Estado. O Amazonas enfrenta uma grave crise ambiental em 2024, com a seca afetando mais de 800 mil pessoas, de acordo com a Defesa Civil do Amazonas. Os destroços foram avistados pela primeira vez em setembro, por marinheiros e pescadores que navegavam pela área. Confira:

História do navio

Caio Giulliano Paião, doutor em história social, destaca que a identificação precisa da embarcação ainda requer pesquisa detalhada. No entanto, pelas características dos destroços, acredita-se que se trata de um navio “chata”, típico da construção norte-americana, projetado para navegação em leitos rasos.

“Provavelmente, a embarcação foi construída entre a segunda metade do século XIX e o início dos anos 1900. Precisamos de estudos mais aprofundados, mas alguns naufrágios conhecidos, como os vapores Içá, Canutama e a lancha Hilda, podem se encaixar nas características da embarcação encontrada”, explica o historiador.

Reconhecimento patrimonial

Beatriz Calheiros, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Amazonas, confirmou que a descoberta é de grande relevância histórica, mas ainda não há informações suficientes para o reconhecimento oficial como patrimônio cultural.

“Embora a embarcação tenha importância histórica, procedimentos formais são necessários para o reconhecimento”, esclarece Beatriz.

Testemunhos locais

Moradores da região, como Claudiomar Araújo, chefe de máquinas em uma empresa de balsas, relatam que partes do navio eram visíveis durante secas anteriores, mas a embarcação só apareceu completamente em 2024. “Trabalho há quase 15 anos no Madeira e sempre via apenas a ponta do mastro. Este ano foi a primeira vez que ele surgiu totalmente”, conta Claudiomar.

André Luiz Pinheiro, um ribeirinho local, compartilha sua alegria ao ver os destroços, que eram apenas histórias contadas por seu avô. “Agora podemos observar a embarcação. É emocionante, pois ouvimos que ela transportava borracha e minério”, afirma.

Outros itens históricos revelados

Além do navio, a seca também trouxe à tona outras relíquias. Em setembro, as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga foram reveladas com a descida do Rio Solimões. O forte, construído no século XVIII, foi crucial para o domínio português na região durante disputas territoriais. Em agosto, dois canhões usados para proteger o forte foram descobertos quando o nível do rio atingiu apenas 49 centímetros, destacando a maior seca dos últimos 42 anos na área.

Seca histórica afeta o Amazonas em 2024: Estado de Emergência em todos os municípios

Todos os 62 municípios do Amazonas estão em estado de emergência em 2024 devido à seca severa e às queimadas que impactam a região. Os principais rios do estado apresentam níveis alarmantes, evidenciando a gravidade da situação. Confira os dados de algumas cidades:

Situação dos rios em diferentes cidades:

💧 Tabatinga: No Alto Solimões, o Rio Solimões apresenta um nível crítico de -1,65 metros. Segundo a Defesa Civil, o rio registrou uma média de queda de 5 centímetros por dia no último mês, resultando na pior seca da história da cidade.

💧 Coari: Na região do Médio Amazonas, o Rio Amazonas está com uma cota de 1,24 metros nesta quarta-feira (16), conforme medição da Defesa Civil local.

💧 Parintins: No Baixo Amazonas, o Rio Amazonas apresenta uma marca de -2,05 metros. O governo do estado classifica a situação na região como bastante preocupante.

💧 Itacoatiara: O Rio Amazonas mede 0,3 centímetros nesta quarta-feira (16). A cidade recebeu um porto flutuante, permitindo que navios cargueiros que atendem o Polo Industrial de Manaus transfiram suas mercadorias para balsas que ainda conseguem alcançar a capital.

A situação crítica dos rios reflete os desafios enfrentados pelo Amazonas, exigindo atenção urgente e medidas eficazes para mitigar os efeitos da seca.

*Com informações do G1

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