Operação “Copia e Cola” da Polícia Federal mira fraudes em contratos emergenciais e lavagem de dinheiro; vice-prefeito assume gestão municipal.
O Prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), foi compulsoriamente afastado de seu cargo por uma decisão judicial nesta quinta-feira, 6 de novembro. O afastamento, com duração estipulada de 180 dias, é o principal desdobramento da segunda fase da “Operação Copia e Cola”, uma investigação complexa conduzida pela Polícia Federal (PF). A operação investiga um suposto esquema de desvios de recursos públicos federais destinados à área da Saúde no município.
As suspeitas centrais recaem sobre fraudes na contratação emergencial de uma organização social (OS) encarregada de administrar unidades de saúde municipais. Além do afastamento de Manga, a ação da PF, autorizada pelo Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3), cumpriu duas ordens de prisão preventiva e realizou buscas em sete endereços ligados aos investigados.
Operação copia e cola: o foco na contratação emergencial
A investigação da Polícia Federal busca desarticular um grupo que, segundo as apurações, teria fraudado o processo de contratação emergencial de uma OS. O objetivo seria direcionar o contrato para essa entidade específica, facilitando o desvio dos fundos públicos. O nome “Copia e Cola” faz alusão ao método supostamente utilizado na elaboração de propostas e documentos para simular uma competição legítima.
A profundidade da investigação vai além da fraude licitatória. A PF também apura indícios robustos de operações financeiras complexas que aparentam ter sido usadas para lavagem de dinheiro. Entre os métodos investigados estão depósitos em espécie, o pagamento de boletos diversos e negociações imobiliárias suspeitas, todas práticas que podem ser usadas para ocultar a origem ilícita dos valores desviados.
Para garantir o eventual ressarcimento aos cofres públicos, o TRF3 determinou o sequestro e a indisponibilidade de bens dos investigados, totalizando um valor aproximado de R$ 6,5 milhões. Como medida cautelar adicional, os envolvidos foram proibidos de manter qualquer tipo de contato entre si durante o curso da investigação.
Os desdobramentos da primeira fase e a apreensão milionária
A ação desta quinta-feira é uma consequência direta das evidências coletadas na primeira fase da operação, deflagrada em 10 de abril de 2025. Naquela ocasião, as buscas resultaram na apreensão de uma quantia expressiva: R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo. A análise desse material, incluindo documentos e dispositivos eletrônicos, permitiu à PF identificar novas pessoas físicas e jurídicas supostamente envolvidas no esquema, que se tornaram os alvos desta segunda etapa.
Os detalhes da apreensão de abril chamaram a atenção das autoridades. A maior parte do dinheiro, R$ 863.854,00, foi descoberta em caixas de papelão dentro de um veículo em São Paulo. O carro, conforme apontado pela investigação, pertence a um pastor suspeito de atuar como operador financeiro do esquema. Outra quantia significativa, R$ 646.350,00, foi localizada em um endereço na cidade de Araçoiaba da Serra.
Reação do prefeito de Sorocaba e a posição da prefeitura
Diante do afastamento determinado pela Justiça, o Prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, manifestou-se por meio de um vídeo publicado em suas redes sociais. Na gravação, ele afirmou que irá “verificar tudo o que aconteceu” para se inteirar completamente dos fatos que motivaram a decisão judicial.
A Prefeitura de Sorocaba, por sua vez, emitiu uma nota oficial confirmando a situação. O comunicado informa que o vice-prefeito, Fernando Martins da Costa Neto, assumiu interinamente a administração municipal. A nota assegura que a mudança temporária garante “a plena continuidade dos serviços públicos” e que o vice permanecerá no cargo “até que os fatos sejam esclarecidos”.
O comunicado oficial da prefeitura encerra reforçando o “compromisso com a transparência e o respeito às decisões judiciais”.
As possíveis consequências legais
A investigação da Polícia Federal é ampla e abrange múltiplos crimes graves. Caso as suspeitas sejam comprovadas ao término do processo legal, os investigados poderão ser indiciados e responder judicialmente por um extenso rol de delitos. A lista inclui corrupção ativa e passiva, peculato (desvio de recurso público cometido por funcionário público), fraude em licitação, contratação direta ilegal e organização criminosa, além do crime de lavagem de dinheiro.
O afastamento cautelar do prefeito pelo prazo de 180 dias tem como objetivo, segundo a praxe de investigações dessa natureza, impedir que o chefe do executivo utilize sua posição e influência para, eventualmente, interferir na coleta de provas ou no andamento do inquérito.
Veja as apreensões da operação:
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