A Polícia Federal (PF) identificou indícios robustos de superfaturamento milionário em contratos de fornecimento de livros escolares envolvendo uma empresa ligada a Carla Ariane Trindade, ex-nora de Lula. Segundo relatório da operação “Coffee Break”, a empresa Life Tecnologia Educacional teria adquirido obras didáticas por valores baixos e as revendido para prefeituras com margens de lucro que chegam a 3.500% sobre o preço original.
A ex-nora de Lula foi alvo de mandados de busca e apreensão na última semana. De acordo com os investigadores, a Life Tecnologia teria funcionado como uma intermediária inflacionada. A análise das notas fiscais apreendidas pela PF aponta que a empresa comprou livros de editoras por preços de mercado e os repassou para administrações municipais por valores até 35 vezes maiores.
O esquema de sobrepreço
O relatório da Polícia Federal detalha que a margem de lucro obtida pela empresa nessas transações é incompatível com a realidade do mercado editorial. “O que se conclui da análise ‘fria’ das notas fiscais é que a Life Tecnologia teria lucrado pelo menos 50 milhões de reais com a venda de livros a essas prefeituras”, destaca um trecho do documento policial.
Um dos casos citados envolve a aquisição de um título específico por cerca de R$ 10,00 a unidade, que posteriormente foi vendido ao poder público por R$ 350,00. A PF sustenta que a empresa “nunca demonstrou ter porte para o volume financeiro dos contratos” que firmou, levantando suspeitas sobre a real capacidade operacional e a finalidade das transações.
Lobby e “Café”
A investigação apura se a ex-nora de Lula atuava fazendo lobby para liberar recursos do Ministério da Educação (MEC) e facilitar esses contratos. Em agendas apreendidas com o empresário André Gonçalves Mariano, dono da Life Tecnologia, o nome de Carla aparece associado à expressão “café”. Para a PF, o termo pode ser um código para pagamento de vantagens indevidas ou propina em troca da influência política exercida junto a gestores públicos.
Além de Carla, a operação também investiga a participação de Kalil Bittar, ex-sócio de Fábio Luís Lula da Silva (o Lulinha). A suspeita é que a rede de contatos políticos tenha sido utilizada para destravar verbas federais que custearam as compras superfaturadas nos municípios.
Prefeituras na mira
Entre as prefeituras que firmaram contratos sob suspeita está a de Hortolândia, no interior de São Paulo. Os investigadores apontam que o empresário André Mariano mantinha encontros frequentes com gestores para garantir os contratos milionários. Há indícios de que ele teve acesso a editais de licitação antes mesmo de sua publicação oficial.
A operação “Coffee Break” busca agora rastrear o caminho do dinheiro para confirmar se os valores excedentes pagos pelas prefeituras retornaram aos investigados em forma de propina.
O outro lado
As defesas dos citados negam irregularidades. Advogados de Carla Ariane Trindade informaram que só se manifestarão detalhadamente após terem acesso integral aos autos do inquérito. A defesa de André Mariano também nega a prática de lobby ilícito. O Ministério da Educação (MEC) afirmou em nota que não tem relação com a operação e que os fatos investigados não envolvem a atual gestão da pasta diretamente, mas sim repasses e contratos na ponta final (municípios).
A investigação segue em curso e o material apreendido — computadores, celulares e documentos — está sendo periciado para aprofundar o entendimento sobre a hierarquia do esquema.
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