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Vegetação avança na Antártica: impacto pode atingir o Brasil

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Um levantamento desenvolvido pelo MapBiomas indica uma mudança significativa no continente antártico. De acordo com o estudo, cerca de 107 mil hectares da Antártica estão atualmente livres de gelo, o que representa aproximadamente 1% de toda a área do continente. O dado reforça a transformação climática em um território historicamente congelado e isolado.

A pesquisa identificou a ampliação de áreas com vegetação, composta principalmente por musgos, liquens e algas, em regiões que antes permaneciam sob camadas permanentes de neve e gelo. O trabalho analisou imagens de satélite coletadas entre 2017 e 2025, sendo o primeiro mapeamento com escala continental a detalhar a expansão dessas zonas.

Para reconhecer áreas desnudas e monitorar a vegetação, os pesquisadores utilizaram dados do satélite Sentinel-2 associados a algoritmos e um índice capaz de detectar atividade fotossintética. O estudo é divulgado no Dia da Antártica, celebrado nesta segunda-feira (1°), data que marca os 66 anos do Tratado da Antártica.

Aquecimento global acelera o degelo

A coordenadora da pesquisa, a cientista Eliana Fonseca, afirma que a expansão da vegetação está diretamente associada ao aumento das temperaturas. “As temperaturas mais elevadas fazem com que o gelo e a neve derretam mais rapidamente, deixando maior disponibilidade de água líquida já no início do verão”, explicou.

Segundo Fonseca, a mudança nas condições ambientais facilita o avanço da cobertura vegetal. “Com o solo exposto por mais tempo, a vegetação se expande para áreas onde antes não conseguia se estabelecer”, destacou.

Ela observa que análises pontuais já indicavam o processo de “esverdeamento” em regiões próximas à Península Antártica. “Nas ilhas Shetland do Sul, estamos vendo mudanças rápidas e intensas por causa do aumento das temperaturas”, declarou. A pesquisadora acrescenta que “Regiões que recebiam precipitação de neve agora registram cada vez mais chuva líquida”, indicando que esse cenário tende a se intensificar nos próximos anos.

Fonseca descreve as espécies vegetais como indicadores ambientais importantes. “Quando vemos a vegetação aumentar, significa que as condições ambientais estão mudando – e rápido”, afirmou.

Impactos no hemisfério sul e no Brasil

As transformações na Antártica não se limitam ao continente. Segundo a pesquisadora, o território exerce papel determinante no equilíbrio climático global. A variação entre as temperaturas polares e as regiões próximas influencia a circulação de energia entre o Equador e os polos. “As diferenças de temperatura entre a Antártica e as regiões próximas movem energia da Linha do Equador para os polos. Esses fluxos geram as frentes frias que regulam temperaturas e padrões de chuva em boa parte do hemisfério sul”, explicou Eliana Fonseca.

A cientista alerta que a redução dessas frentes frias já afeta o Brasil e os países vizinhos, alterando os padrões de chuva e impactando diretamente a produtividade agrícola. Além disso, o derretimento do gelo marinho modifica a dinâmica do Oceano Austral e sua cadeia alimentar. “Já temos relatos da diminuição da produção de krill [um crustáceo consumido por baleias]”, informou.

Desafio de mapear a Antártica

A elaboração de mapas no continente enfrenta barreiras técnicas. O fenômeno do sol da meia-noite cria sombras longas e inconsistentes em imagens de satélite, dificultando a leitura visual. Durante anos, grande parte do mapeamento era feito manualmente. O estudo do MapBiomas só se tornou possível com o aprimoramento de tecnologias de georreferenciamento e recursos computacionais.

A Antártica ocupa 1,366 bilhão de hectares e é regida pelo Tratado da Antártica, firmado em 1959. O acordo, firmado por 58 países, define o continente e o Oceano Austral como áreas dedicadas à pesquisa científica, cooperação internacional e preservação ambiental.

*Com informações do G1

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