A ativista ambiental indígena Samela Sateré-Mawé participou, nesta quarta-feira (08), de um encontro de influenciadores digitais e artistas brasileiros com o presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, e a primeira-dama, Janja Silva.
Única amazonense a participar da reunião de “Influenciadores pela Democracia”, Samela falou ao Gazeta da Amazônia sobre a importância do convite e a expectativa de assegurar novas linguagens de comunicação que coloquem, ainda mais, indígenas em locais de poder e transformação.
Uma das principais vozes do povo Sateré-Mawé vem ganhado o mundo com estratégias de comunicação para disseminar pautas indígenas e, principalmente, ambientais. No Instagram, Samela já acumula 91 mil seguidores.
Dentro da Associação de Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (AMISM), aprende com suas ancestrais a arte do artesanato para viver, e a luta política para resistir.
A visibilidade da jovem amazonense na luta pela preservação da Amazônia e de seus povos fez com que ela recebesse o convite direto da Secretaria de Comunicação do Governo Federal (SecomVc) para integrar o grupo de influenciadores e artistas, formado por quem diariamente segue na luta pelo exercício da democracia.
“Eu não acreditei [quando recebi o convite], porque geralmente a gente não é tão inserido nesses espaços, principalmente enquanto nortistas, porque são espaços onde a influência chega mais para o Sudeste e também esses convites são muito inviáveis. A gente recebeu o convite na semana passada e o evento seria hoje, quarta-feira, e você sabe que sair do Amazonas em cima da hora é muito caro, então eu falei que não ia, mas pensei: ‘Nossa, é muito importante estar nesse espaço, enquanto mulher jovem indígena, amazônida e ativista, e é um espaço muito bom para que a nossa pauta seja ouvida’. Então eu busquei apoio financeiro, e eu consegui a passagem, e é muito emocionante estar nesses espaços”, afirmou.
Durante a reunião, a jovem levantou pautas como a disseminação de fake news sobre temas indígenas, a dificuldade na comunicação e conectividade da internet nos municípios do interior e nas comunidades indígenas distantes, e sugeriu estratégias que atraíam a atenção do governo para a efetiva prática de políticas públicas que alcancem a população do Norte do Brasil.

“[Na reunião], tinham vários influenciadores, vários artistas que sempre se colocaram a favor da democracia e ficamos com a proposta de criarmos um grupo para que a gente continue fazendo essa comunicação acontecer nas redes sociais e no dia a dia também, para desmascarar fake news, incentivar a vacinação de crianças, falar sobre as estratégias de demarcação de Terras Indígenas, sobre o Bolsa Família, coisas que precisam chegar nas comunidades das periferias”, destacou.
Outros indígenas, como Tukumã Pataxó, influenciador com mais de 200 mil seguidores nas redes sociais, e a estilista de moda Day Molina, também foram convocados para a reunião. Segundo Samela Sateré-Mawé, a ocupação desses espaços garante, além do cumprimento da execução de políticas públicas, um lugar de influência no seu mais puro significado.
“É muito importante para a gente, enquanto influenciador indígena, estar nesses espaços, porque tudo o que as pessoas pensam da gente é exatamente o contrário, que os povos indígenas não podem ter um celular, não podem usar internet, e isso as pessoas não entendem. Para a gente, ser referência para a juventude indígena, nesse contexto, é muito especial porque a gente acaba influenciando também outros jovens indígenas para que eles sejam protagonistas das suas histórias e acabem descontraindo, descomplicando, descolonizando, e ocupando esses espaços mesmo”, destacou.
A reunião com o presidente Lula foi o primeiro de uma sequência de encontros estratégicos que deverão reverberar em conhecimento, informação e, no caso de Samela, a certeza de que o futuro é, sim, ancestral.