O ‘tarifaço americano’ de 50% sobre produtos brasileiros, imposto por Donald Trump, foi a pauta central da reunião entre mauro vieira e Marco Rubio à margem do g7.
O tarifaço americano imposto sobre produtos brasileiros em julho deste ano foi o tema central de uma importante reunião bilateral ocorrida nesta quarta-feira, 12 de novembro. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, encontrou-se com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na cidade de Niágara, no Canadá. O encontro ocorreu de forma paralela, aproveitando a presença de ambas as autoridades na reunião do G7, o grupo que reúne os países mais industrializados do mundo.
Segundo informações divulgadas pelo Itamaraty, a conversa focou estritamente no andamento das negociações bilaterais que buscam reverter as pesadas tarifas comerciais impostas pela administração norte-americana. A reunião representa um passo cauteloso, mas significativo, na tentativa de normalizar as relações comerciais entre as duas maiores economias do hemisfério.
Durante o diálogo, Mauro Vieira detalhou os esforços recentes do Brasil para encontrar uma solução. O ministro informou a Rubio que o governo brasileiro já havia formalizado e encaminhado, no último dia 4 de novembro, uma proposta oficial de negociação aos Estados Unidos. Esta proposta foi o resultado de uma reunião virtual prévia entre as equipes técnicas dos dois países, que buscaram delinear os pontos críticos de divergência e as possíveis áreas de concessão mútua.
O chanceler brasileiro fez questão de ressaltar a urgência e a importância de avançar rapidamente nas tratativas. Vieira destacou que esta é uma orientação direta dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que já haviam discutido o tema sensível durante um encontro recente na Malásia, indicando que a resolução da disputa escalou ao mais alto nível de ambos os governos.
Como resultado prático do encontro em Niágara, os dois ministros concordaram em agendar uma nova reunião presencial. Este próximo encontro, que deve ocorrer em data próxima, ainda a ser definida, servirá para discutir o estágio atual das conversas e, de forma mais objetiva, buscar um entendimento final sobre as medidas tarifárias que tanto têm tensionado a relação bilateral.
O histórico do ‘tarifaço americano’ e a tensão diplomática
A crise comercial teve seu estopim em julho deste ano, quando o presidente Donald Trump anunciou um “tarifaço” surpreendente de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. A medida, de impacto econômico vasto e imediato, foi vista como um ato de forte pressão comercial e abalou setores inteiros da indústria e do agronegócio brasileiro, que dependem do mercado norte-americano.
A situação diplomática deteriorou-se ainda mais quando, na esteira do anúncio das tarifas, a administração norte-americana aplicou outras sanções. Ministros do governo brasileiro e até mesmo magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) foram alvo da revogação de seus vistos de viagem para os Estados Unidos, um movimento que sinalizou que o atrito ia além da balança comercial, tocando também a esfera política e institucional.
Foi nesse clima de alta tensão que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu pessoalmente com Donald Trump no dia 26 de outubro. O encontro ocorreu em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a realização da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), e durou cerca de 50 minutos.
Durante a reunião, Lula adotou um tom conciliador, mas firme. O presidente brasileiro afirmou que “não há razão para desavenças” entre Brasil e Estados Unidos e fez um pedido direto a Trump: a suspensão imediata do tarifaço americano enquanto os dois países estiverem em processo de negociação.
“O Brasil tem interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos”, afirmou Lula na ocasião. “Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos, porque nós temos certeza que, na hora em que dois presidentes sentam em uma mesa, cada um coloca seu ponto de vista, cada um coloca seus problemas, a tendência natural é encaminhar para um acordo”, declarou o presidente.
A pressão pela COP30 e os próximos passos
Apesar do tom otimista do presidente brasileiro, a paciência parece ter um limite. Na semana passada, Lula indicou que o prazo para uma resolução está se esgotando. O presidente afirmou publicamente que voltaria a telefonar diretamente para Donald Trump caso não houvesse avanços concretos nas negociações comerciais até o encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30.
O evento, que está sendo realizado em Belém (PA), tornou-se um marco temporal para a diplomacia brasileira. A pressão agora recai sobre as equipes técnicas e sobre o próximo encontro presencial entre Vieira e Rubio, que precisarão encontrar um denominador comum para evitar uma nova intervenção direta de Lula e a possível perpetuação do tarifaço americano, que segue prejudicando as exportações brasileiras.
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