Empresário detido na capital amazonense já possuía histórico criminal ligado ao garimpo ilegal em terras Yanomami; investigação aponta suporte logístico para saída do ex-diretor da Abin do país.
A investigação federal que apura os detalhes e responsáveis pela fuga de Ramagem teve um desdobramento decisivo neste fim de semana na região Norte do país. A Polícia Federal (PF) prendeu em Manaus, no último sábado (13/12), o empresário Celso Rodrigo de Mello, de 27 anos. Ele é apontado pelas autoridades como uma peça-chave na logística que permitiu a saída clandestina do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) do Brasil rumo aos Estados Unidos.
A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dentro do inquérito que fecha o cerco contra financiadores e organizadores da evasão de condenados pela tentativa de golpe de Estado. A operação ocorre em um momento de tensão política, logo após a Câmara dos Deputados bloquear o salário e suspender a cota parlamentar de Ramagem, que teve sua pena fixada em 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão.
Conexões com o garimpo e a fuga de Ramagem
Celso Rodrigo de Mello não é um nome novo para as autoridades policiais, e sua prisão lança luz sobre possíveis conexões entre o financiamento de atos antidemocráticos e atividades econômicas ilícitas na Amazônia. Filho de Rodrigo Martins Mello, conhecido como “Rodrigo Cataratas” — empresário do setor de garimpo em Roraima e pré-candidato ao Senado —, Celso é sócio da empresa Cataratas Poços Artesianos.
Segundo as apurações, a estrutura empresarial e financeira da família teria sido utilizada para fornecer o suporte necessário para a fuga de Ramagem. A Polícia Federal indica que o ex-diretor da Abin viajou de avião até Boa Vista (RR) e, posteriormente, seguiu de carro de forma clandestina em direção à fronteira, utilizando rotas alternativas pela Venezuela ou Guiana para finalmente chegar aos Estados Unidos.
O histórico criminal de Celso reforça a tese de uma rede logística complexa. Em novembro de 2022, ele já havia sido detido durante uma operação de combate à exploração ilegal de ouro na Terra Indígena Yanomami. Naquela ocasião, a PF identificou que ele integrava o braço logístico que mantinha o funcionamento de garimpos clandestinos dentro de áreas de proteção ambiental, evidenciando uma expertise prévia em operações à margem da fiscalização estatal.
O cerco se fecha: condenação e rotas de fuga
O contexto que levou à operação em Manaus envolve a condenação pesada imposta pelo STF a Alexandre Ramagem. O ex-deputado foi sentenciado por integrar uma organização criminosa que utilizou a estrutura estatal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente adversários políticos e atentar contra o sistema eleitoral brasileiro. A Corte havia determinado a entrega de seu passaporte e a proibição de deixar o país, medidas que foram descumpridas.
A fuga de Ramagem não é um caso isolado, mas parte de um movimento coordenado que inclui outros parlamentares, como Carla Zambelli (PL-SP) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também deixaram o território nacional. No entanto, o foco da PF agora se volta para quem ficou no Brasil para operacionalizar essas saídas. A corporação afirma ter provas contundentes sobre as pessoas que financiaram parcialmente a viagem e organizaram a travessia segura das fronteiras secas no Norte do país.
Posicionamento da defesa e sigilo
A prisão de Celso Rodrigo de Mello repercutiu imediatamente nas redes sociais de seu pai, Rodrigo Cataratas. Em nota oficial, a assessoria do empresário roraimense confirmou o cumprimento do mandado em Manaus e enfatizou que o caso tramita em sigilo de justiça. A nota destaca que ainda não há sentença definitiva contra Celso no âmbito desta nova investigação e reforça a tese de inocência.
“A defesa de Celso já informou que ele é inocente e que a decisão está sendo recorrida. A assessoria reforça a importância do respeito ao devido processo legal e à presunção de inocência, destacando que qualquer conclusão antecipada não condiz com os fatos”, diz trecho do comunicado, que encerra com a mensagem “Deus no comando. Fé, trabalho e resistência”.
Enquanto a defesa busca reverter a prisão preventiva nos tribunais superiores, a Polícia Federal segue analisando materiais apreendidos para identificar se outros financiadores do garimpo ilegal também participaram do custeio da rota de fuga de políticos condenados pelo 8 de janeiro e atos correlatos.
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