Bairros mais afetados: Jorge Teixeira, Gilberto Mestrinho Mauazinho, Cidade de Deus e Cidade Nova, conforme dados da Defesa Civil
Manaus possui mais de 4 mil famílias que vivem em aproximadamente 1.600 áreas de risco de deslizamento, desabamentos, alagações dispersas em várias zonas da capital. Os dados são da Defesa Civil de Manaus catalogados em 2019.
Ainda conforme o órgão, as zonas em que mais são registradas ocorrências da magnitude por conta da erosão provocada pelas fortes chuvas são a Zona Leste e Norte. Tendo os bairros mais afetados: Jorge Teixeira, Gilberto Mestrinho e Mauazinho, na Zona Leste; e Cidade de Deus e Cidade Nova, na Zona Norte.
Risco de desabar
Uma das áreas que está prestes a desabar é a casa da manicure Juliana Guimarães, mãe de uma filha autista e que mora há 13 anos no bairro Jorge Teixeira.
“Esse barranco começou a cair porque foi uma construção mal feita do esgoto que passa por baixo. Aqui era tudo barro antes de fazerem esse esgoto que segue até embaixo. Depois de uns cinco anos começou a cair, isso em 2017 e ainda não resolveram o problema. Não vemos resultados nenhum. [Agentes da Defesa Civil] vieram apenas uma vez aqui. O meu vizinho teve que sair porque não tinha mais condições dele morar lá. Precisou passar a morar alugado para que o pior não acontecesse. Temos medo porque moramos com várias pessoas, filhos pequenos”, descreveu Guimarães.
A catadora de latinhas, Dona Alcimar Marques Protázio, que mora há dois anos no bairro, também relata o medo de viver na área.
“Se você for ver o barranco dá pra ver que está um buraco enorme de mais de 30 metros. A chuva e o desgaste do tempo vão caindo a terra e vai descendo o terreno. Moro há dois anos. Era um terreno bem grande. Queremos uma solução. Sabemos que a prefeitura pode nos ajudar”, acrescentou Alcimar.
No topo do ranking
Manaus é a cidade brasileira que mais registrou alertas de deslizamentos desde 2016. No topo do ranking está São Paulo como a cidade que mais recebeu alertas sobre risco de inundações, alagamentos e enxurradas.
A informação foi confirmada pela diretora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Regina Alvalá, em entrevista ao Estado de São Paulo, na última terça-feira (21).
“A cidade para qual mais emitimos alertas de deslizamento desde 2016 é Manaus. E a primeira do ranking de alertas para enxurradas e alagamentos é São Paulo. A Região Serrana do Rio e a própria cidade do Rio também são críticas, assim como as cidades de Santa Catarina. Grandes capitais como Manaus, São Paulo, Rio, Salvador e Recife têm uma região metropolitana com grande adensamento populacional. São cidades críticas do ponto de vista da necessidade de um olhar específico”, comentou a diretora.
Pedido de recursos federais
Na última quinta-feira (23), o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), anunciou que deve ir à Brasília solicitar recursos federais para auxiliar nas intervenções viárias em pontos de risco de desabamento na capital amazonense.
David Almeida ressaltou que a prefeitura carece de recursos para dar continuidade às intervenções viárias.
“Fizemos algumas intervenções e vou mostrar ao governo. Fizemos duas grandes intervenções no bairro Mauazinho que se não tivéssemos feito teríamos tragédias certamente. Fizemos intervenções no Conjunto Lula, três grandes intervenções, no Nova Cidade, no Nova Vitória, no Petrópolis e Santa Etelvina. A Prefeitura carece de recursos e para que não aconteça o que aconteceu em São Paulo e outras cidades do Brasil, nós precisamos da ajuda federal. Essa é a verdade. E eu vou levar esses pleitos da cidade de Manaus”, declarou o prefeito.
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