Os vereadores de Manaus destacaram a importância de medidas educacionais para impedir que possíveis ataques de violências aconteçam nas escolas da cidade. O debate aconteceu após o assassinato de uma professora por um aluno de uma unidade educacional em São Paulo, na segunda-feira (27).
Durante a sessão da Câmara Municipal de Manaus na terça-feira (28), o vereador Professor Samuel (PL) defendeu a prevenção ao uso da internet, enquanto o vereador Luis Mitoso (PTB) pediu urgência na tramitação de indicações que tratam sobre o plano de segurança nas escolas. Mas, para Lissandro Breval (Avante), falar sobre segurança sem focar na formação dos jovens é apenas ‘enxugar gelo’.
Programa de Educação Midiática
Para o Professor Samuel, a internet pode ser um estímulo a violência nas escolas. Isto porque o adolescente de 13 anos, que cometeu o ataque na segunda-feira, usava um perfil fechado no Twitter onde já havia anunciado a intenção de cometer o crime.
“Vivemos em uma nova era onde o mundo digital é uma terra onde as crianças e jovens ficam suscetíveis a inúmeros conteúdos onde podemos destacar que 80% dele não é um conteúdo apropriado, o aluno que cometeu a atrocidade ontem em uma escola em São Paulo anunciou nas redes sociais que ia fazer o que fez e recebeu apoio”, destacou Professor Samuel.
O menino já tinha postado na rede social sobre o que pretendia fazer e foi encorajado por vários outros usuários, com perfis parecidos, que curtiam e comentavam os posts. Um deles chegou a se definir como “mentor” e disse estar orgulhoso ao compartilhar a notícia do atentado.
“Ora, sabemos que esse foi um fato ocorrido em São Paulo mas precisamos entender que poderia ter acontecido em qualquer lugar, quero destacar novamente que já existe um projeto em Manaus de minha autoria que busca implementar um programa de educação midiática nas escolas como forma de dar um caminho para nossas crianças e para que elas não usem a internet de forma trágica levando a esse tipo de fatalidade”, enfatizou o parlamentar.
O Projeto de Lei nº269/2022 do Professor Samuel, cria o Programa de Educação Midiática, que tem como objetivo promover campanhas em escolas e áreas públicas sobre os perigos da internet e redes sociais. Além de propiciar o uso responsável da internet e das redes sociais, difundindo o conceito de cidadania digital, a identificação de notícias falsas e o combate a todo tipo de desinformação.
Plano de segurança
O vereador Luis Mitoso pediu urgência na tramitação de duas Indicações de sua autoria, as de número 677 e a 675 do ano de 2022, que tratam acerca do plano específico de segurança para as escolas e creches de Manaus e do Amazonas.
“É necessário a implementação em regime de urgência de um plano específico visando definir uma política de segurança escolar utilizando o quadro de servidores da Guarda Municipal e servidores da Polícia Militar a respectiva escala de serviço para atender essas unidades educacionais do município e do estado. Isso ajudará de sobremaneira na prevenção de ataques terroristas nas nossas escolas”, frisou.
Mitoso citou que a motivação pelo pedido de urgência no plano se deu pelas mortes ocorridas em novembro de 2022, em escolas de Aracruz, no Espírito Santo (ES).
“Essas minhas indicações são de 2022 e foram motivadas em razão de outro trágico incidente ocorrido no dia 25 de novembro do ano passado, novamente por um adolescente armado, que entrou em duas escolas da cidade de Aracruz, no Espírito Santo, e matou quatro pessoas, deixando 12 feridas, ficando evidente, mais uma vez, a vulnerabilidade de crianças e adolescentes aos desígnios doentios e inaceitáveis de indivíduos que, movidos pelo ódio, realizaram atos de indescritível horror matando ou ferindo professores, crianças e adolescentes no espaço escolar. Isso não pode continuar”, defendeu.
‘Enxugar gelo’
Em discurso na terça-feira (28), Lissandro Breval reforçou a importância de a CMM trazer cada vez mais o tema educação multidisciplinar para as discussões e atuar em indicações e leis que fortaleçam mudanças nesse sentido.
“Não adianta só falar em matemática e geografia. Enquanto não tivermos acompanhamento psicológico, visualizarmos a vida além dos portões da escola – reforço aqui também o importante papel exercido pela educação -, continuaremos lidando com tristes episódios como esse em São Paulo. Essa Câmara tem sim que falar de educação porque se não vamos continuar enxugando gelo”, concluiu.
O vereador disse que precisa haver preocupação, discussão e mudança efetiva na educação, considerando a vida do aluno além dos portões da escola. “Podemos ter polícias em frente às nossas escolas, mas se não falarmos de formação, de educação multidisciplinar, de nada vai adiantar”, afirmou o parlamentar.
Segundo o vereador, o tema de segurança pública é protagonista nas discussões sobre a educação, mas que é preciso começar a falar sobre investir na formação dos jovens “não só dentro da escola, mas depois dela”.
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