Relatório elaborado pela Wildlife Conservation Society (WCS) revela que, entre julho e dezembro de 2022, 1.617 animais vivos foram apreendidos na Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil.
No Brasil, em agosto, mais de 21 toneladas de pirarucu (Arapaima gigas) foram apreendidas no estado do Amazonas pela Polícia Federal.
Apesar das claras evidências sobre a origem das doenças zoonóticas e os efeitos sobre a biodiversidade causados pela extração e comércio ilegal de animais silvestres, esse crime ambiental continua ocorrendo nos países da região andino-amazônica.
A WCS, no âmbito da iniciativa regional Aliança pela Fauna Silvestre e as Florestas, financiada pela União Europeia, realiza monitoramento e acompanhamento mensal das notícias sobre confiscos de fauna silvestre, viva ou suas partes, publicadas nos portais de notícias e redes sociais das autoridades ambientais e órgãos governamentais da Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil (estados do Acre e Amazonas).
A partir disso, são feitos relatórios semestrais sobre esse problema e as tendências emergentes, que subsidiam a tomada de decisões.
Os registros das apreensões realizadas entre julho e dezembro de 2022 permitem identificar que os espécimes apreendidos correspondem a 158 espécies pertencentes aos grupos das aves (37,3%); mamíferos (34,8%); répteis (19,6%); anfíbios (1,9%); peixes e outras espécies não identificadas (1,3%).
Do total de espécimes apreendidos, 1.617 eram indivíduos vivos, possivelmente destinados ao comércio de animais de estimação, coleções particulares ou consumo humano. Também foram apreendidos indivíduos mortos e partes ou derivados como peles, carnes e crânios, entre outros.
Entre as espécies que foram encontradas com maior frequência nas apreensões do período monitorado estão a jaguatirica (Leopardus pardalis) e o macaco-aranha-peruano (Ateles chamek), ambas espécies ameaçadas de extinção e cujo comércio internacional é autorizado apenas em condições excepcionais.
Também foram identificadas espécies listadas no Anexo II da CITES, que indica que não estão necessariamente ameaçadas de extinção, mas podem vir a ficar a menos que o comércio internacional seja estritamente controlado. Entre estas espécies estão a ema (Rhea spp.), a preguiça-comum (Bradypus variegatus) e a arara-canindé (Ara ararauna).
Crime de tráfico ilegal de vida silvestre
Apesar das ações de controle das autoridades, esses dados mostram a presença do tráfico ilegal de animais silvestres na região. Esse crime é uma ameaça à sobrevivência das espécies e representa um risco à saúde pública humana devido à transmissão de doenças.
Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o comércio ilegal de animais silvestres também representa um risco à segurança das pessoas, pois envolve redes de crime organizado que podem estar relacionadas a outros crimes como tráfico de drogas, pessoas ou armas, lavagem de dinheiro e corrupção. Por esses motivos, o apelo à comunidade é para preservar os animais silvestres em seu habitat natural e aderir às ações de conservação.
Sobre a Aliança para a Vida Silvestre e as Florestas
A Aliança para a Vida Silvestre e as Florestas é uma ação regional promovida pela União Europeia e implementada pela WCS e WWF que visa combater o tráfico de animais silvestres e de madeira, através do compromisso da sociedade civil no reforço da aplicação da lei e da cooperação com e entre as autoridades da Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e tríplices fronteiras com o Brasil.

