O reforço nas fronteiras da América do Sul se intensificou nesta quinta-feira (30), com Bolívia e Uruguai anunciando novas e robustas medidas de segurança. A decisão segue o exemplo de Argentina e Paraguai, que já haviam declarado alerta máximo em seus postos fronteiriços. O motivo é a repercussão direta da megaoperação policial realizada contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, uma ação que resultou em mais de 120 mortes e gerou um temor continental de uma fuga em massa de criminosos.
Os governos vizinhos expressam uma preocupação clara: que integrantes das facções criminosas tentem cruzar as fronteiras para escapar das autoridades brasileiras, exportando a instabilidade e a violência para seus territórios. A “debandada”, como tem sido chamada, é vista como uma ameaça iminente à segurança regional, exigindo uma resposta coordenada e imediata.
Países vizinhos temem “Debandada”
A origem do alerta continental é a operação de grande escala deflagrada no Rio de Janeiro. Com um saldo trágico de mais de 120 mortos, incluindo policiais, a ação teve como alvo principal uma das maiores facções criminosas do país. Especialistas em segurança apontam que, em operações desta magnitude, é comum que lideranças e membros de escalões inferiores busquem rotas de fuga para áreas onde a pressão policial é menor, incluindo outros países.
A porosidade das fronteiras terrestres na América do Sul é um desafio histórico. A possibilidade de criminosos experientes e com recursos tentarem se estabelecer em países vizinhos acendeu um sinal de alerta máximo. A preocupação não é apenas com a entrada desses indivíduos, mas com a potencial contaminação de grupos criminosos locais e a criação de novas rotas para atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e armas.
Bolívia ativa “Escudo de Ferro” e intensifica controle
Em resposta direta a essa ameaça, o ministério de Governo da Bolívia confirmou à imprensa um reforço significativo nos controles policiais em seus postos fronteiriços. A ação é especialmente focada nas cidades dos departamentos de Pando, Beni e Santa Cruz. Estas regiões compartilham extensas fronteiras com os estados brasileiros do Acre, Rondônia e Mato Grosso, áreas que historicamente servem como corredores para atividades transnacionais.
Segundo o governo boliviano, as medidas fazem parte da operação “Escudo de Ferro”, que já estava em andamento devido a informações prévias sobre a presença de criminosos estrangeiros no país. No entanto, após os eventos no Rio de Janeiro, o governo do presidente Luis Arce ordenou que os controles fossem estendidos e drasticamente reforçados ao longo de toda a fronteira com o Brasil, demonstrando a seriedade com que o país encara o potencial transbordamento da crise de segurança brasileira.
Uruguai adota medidas expressas de reforço nas Fronteiras
Ao sul do Brasil, o cenário é similar. O Uruguai anunciou que também aumentará a segurança em suas fronteiras. O ministro do Interior, Carlos Negro, foi enfático ao confirmar a prontidão do país. “Já foram tomadas medidas, já há ordens expressas de reforço da vigilância das fronteiras, a polícia já está cuidando do assunto”, declarou o ministro nesta quinta-feira.
A ação uruguaia não se limitará apenas ao patrulhamento. O ministro Negro informou que planeja uma viagem ao Brasil nos próximos dias. O objetivo é discutir o tema diretamente com outros ministros da região, buscando uma estratégia conjunta para lidar com as consequências da operação brasileira. A iniciativa sublinha a percepção de que o problema transcende a segurança interna do Brasil e exige cooperação internacional.
Ministro Uruguaio critica ação no Rio
Além de anunciar as medidas de segurança, o ministro do Interior do Uruguai fez críticas contundentes à estratégia adotada na operação do Rio de Janeiro. Carlos Negro classificou a ação como uma “violência indiscriminada”, que teria sido “exercida sem objetivos claros”.
O ministro lamentou o alto número de vítimas, afirmando que a operação resultou na “perda de vida de pessoas inocentes”. Para Negro, os eventos no Brasil servem como um exemplo negativo e levam a uma reflexão sobre as políticas de segurança pública. “Tudo isso nos leva à reflexão de quais políticas de segurança queremos implementar em nosso país e quais não devemos implementar”, expressou.
Ele concluiu sua fala com uma crítica à cobertura e às mensagens transmitidas sobre a operação, sugerindo que o modelo adotado não deve ser celebrado. “Também tem que levar à reflexão das mensagens transmitidas, porque exaltar esse tipo de ações é profundamente irresponsável”, finalizou.
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