Uma megaoperação da polícia no Rio de Janeiro, focada nos Complexos da Penha e Alemão, na zona norte da capital, resultou em intensa troca de tiros, 18 mortes, 56 prisões e a paralisação de serviços essenciais nesta terça-feira, 28. A chamada Operação no Alemão e na Penha, batizada oficialmente de “Operação Contenção”, mobilizou um contingente de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar.
O fato mais alarmante da ação foi a inédita tática utilizada pelos criminosos: o uso de drones para lançar artefatos explosivos contra as equipes policiais. A operação, que visava desarticular a liderança do Comando Vermelho na região e impedir sua expansão territorial, deixou um rastro de violência, com um policial civil morto, outros seis agentes feridos, três civis baleados e dezenas de prisões.
A tática de guerra: Drones e barricadas
A utilização de drones equipados com explosivos representa uma escalada significativa nas táticas de confronto empregadas pelo tráfico local. A Polícia Civil (PC-RJ) divulgou imagens capturadas durante a incursão que mostram o momento exato em que os artefatos são soltos do céu, visando as posições dos agentes em solo.
Os vídeos registrados pelas forças de segurança também revelaram o cenário de guerra urbana enfrentado nas vielas. Em diversas ruas, os criminosos ergueram barricadas e atearam fogo, uma tática comum para tentar bloquear o avanço dos veículos blindados e das equipes táticas.
Juntamente com as imagens das explosões dos drones, as gravações capturaram o som incessante de disparos de armas de fogo de grosso calibre, evidenciando a forte retaliação dos traficantes à presença policial. As autoridades investigam agora a origem e a sofisticação desses explosivos lançados remotamente.
Saldo da Megaoperação no Alemão
O confronto direto foi intenso e resultou em baixas de ambos os lados, além de atingir moradores da região. A Polícia Civil confirmou que um de seus agentes, lotado na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a força de elite da corporação, foi morto em combate.
Além da fatalidade, outros seis policiais ficaram feridos durante a troca de tiros. Quatro deles são agentes da Polícia Civil e dois são policiais militares. Não foram divulgados detalhes imediatos sobre o estado de saúde deles.
Do lado dos suspeitos, quatro homens morreram em confrontos diretos com os agentes da Core.
A população civil, mais uma vez, foi pega no meio do fogo cruzado. Três pessoas, que aparentemente não tinham ligação com o confronto, foram atingidas por balas perdidas. Um homem em situação de rua foi gravemente ferido pelas costas. Uma mulher, que estava dentro de uma academia no momento do tiroteio, também foi baleada e precisou ser socorrida pelo próprio marido. Um terceiro homem, que se encontrava em um ferro-velho na região, foi igualmente atingido.
Objetivos e resultados da “Operação Contenção”
A “Operação Contenção” foi meticulosamente planejada com objetivos claros: cumprir um total de 100 mandados de prisão e 150 mandados de busca e apreensão. O foco principal era atingir lideranças do Comando Vermelho (CV) e, segundo a polícia, frear o que as autoridades chamam de “crescimento territorial da facção” na Zona Norte.
Como resultado prático da ação, 55 pessoas foram presas ao longo da manhã. Deste total, cinco dos detidos estavam feridos por disparos de arma de fogo. Eles foram socorridos e encaminhados ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, localizado na Penha, onde permanecem internados sob custódia policial.
As forças de segurança também realizaram apreensões relevantes de material bélico e logístico do crime. Foram retirados de circulação um arsenal considerável, incluindo dez fuzis, duas pistolas e nove motocicletas que, segundo a polícia, eram utilizadas pelos criminosos para transporte e ataques.
O impacto na rotina dos moradores
Como é frequente em operações desta magnitude em áreas densamente povoadas, a rotina de milhares de moradores foi severamente afetada. O clima de pânico e os intensos tiroteios forçaram a paralisação de serviços públicos essenciais.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que cinco unidades básicas de saúde (UBS) localizadas nos territórios dos complexos do Alemão e da Penha tiveram que suspender o funcionamento durante todo o período da manhã. A medida foi tomada para garantir a segurança de pacientes e dos profissionais de saúde.
O setor de educação foi ainda mais atingido. A Secretaria Municipal de Educação confirmou que 45 escolas não abriram as portas: 28 unidades no Complexo do Alemão e outras 17 na Penha. Além disso, um colégio estadual da região também suspendeu as atividades escolares. Milhares de estudantes ficaram sem aula.
O transporte público foi outro serviço afetado. Ao menos 12 linhas de ônibus que circulam pela região tiveram seus itinerários alterados para evitar as áreas de confronto, visando preservar a integridade física dos motoristas, cobradores e passageiros.
Confira o vídeo da operação
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