A tensão entre a Venezuela e EUA atingiu um novo patamar nesta sexta-feira (7), quando a Rússia anunciou publicamente que está pronta para ajudar a Venezuela em meio ao acirramento com os Estados Unidos. Embora Moscou afirme, através da porta-voz da chancelaria Maria Zakharova, que o objetivo é “evitar uma guerra na América Latina”, o movimento ocorre após pedidos diretos de Caracas.
O líder venezuelano, Nicolás Maduro, solicitou apoio militar formal à Rússia, citando temores de um conflito armado com Washington. A lista de solicitações inclui serviços de manutenção para os caças Sukhoi do país, além de novos sistemas de radar e de mísseis.
Maduro busca reforços militares da Rússia, China e Irã
A busca por alianças estratégicas não se limita a Moscou. Segundo o jornal The Washington Post, que teve acesso a documentos do governo americano, Maduro também redigiu uma carta ao presidente da China, Xi Jinping. No documento, ele solicita uma “cooperação militar ampliada” entre os dois países, visando conter o que descreveu como “a escalada entre os EUA e a Venezuela”.
Especificamente, Maduro pediu ao governo chinês que acelerasse a produção de sistemas de detecção por radar por empresas chinesas, a fim de aprimorar as capacidades de defesa venezuelanas.
Os documentos também detalham uma coordenação com o Irã. O ministro dos Transportes da Venezuela, Ramón Celestino Velásquez, teria organizado um carregamento de equipamentos militares e drones iranianos, enquanto planejava uma visita a Teerã. Velásquez teria comunicado a um oficial iraniano que a Venezuela necessita de “equipamentos de detecção passiva”, “bloqueadores de GPS” e “quase certamente drones com alcance de 1.000 km”.
O arsenal atual e a operação dos EUA no Caribe
Atualmente, Caracas já dispõe de um arsenal militar robusto, fornecido historicamente por Rússia, China e Irã. Este arsenal inclui mísseis de cruzeiro iranianos (projetados para destruir embarcações), mísseis terra-ar russos (para atingir aeronaves em baixa altitude), veículos blindados chineses (frequentemente usados na repressão a protestos) e até mesmo alguns caças F-16 americanos já obsoletos.
Do outro lado, a principal justificativa pública do governo Trump para sua política na região é o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, os Estados Unidos reuniram um grande contingente de navios de guerra, caças e aeronaves de vigilância na costa venezuelana.
Washington classifica esta mobilização como uma campanha militar contra organizações criminosas transnacionais. As forças americanas já explodiram 16 barcos na região, ações que resultaram em 67 mortes desde o início das operações. O governo Trump acusa Maduro de liderar o chamado “Cartel de Soles”, classificado como organização terrorista pelos EUA e supostamente responsável pelo envio de drogas ao território americano.
A ameaça de intervenção e a análise da tensão entre Venezuela e EUA
O caráter bélico da operação americana levanta questionamentos entre analistas sobre a possibilidade de Washington buscar, de fato, uma mudança de regime em Caracas, além do combate declarado ao narcotráfico.
Em outubro, o presidente Donald Trump autorizou operações da CIA contra a Venezuela e afirmou publicamente que estava considerando realizar ataques em terra contra cartéis de drogas no país.
Embora uma decisão final sobre uma intervenção direta não tenha sido tomada, o Pentágono e agências de inteligência apresentaram três alternativas de ação ao presidente:
- Ataques Aéreos: A primeira opção envolve bombardeios contra instalações militares venezuelanas (incluindo algumas supostamente ligadas ao tráfico). O objetivo seria minar o apoio militar a Maduro, esperando que ele tente fugir ou se torne vulnerável à captura. Críticos alertam, contudo, que a medida poderia ter o efeito oposto, fortalecendo o apoio ao líder.
- Operações Especiais: Uma segunda abordagem prevê o envio de forças de elite, como a Força Delta do Exército ou o SEAL Team 6 da Marinha, para tentar capturar ou matar Maduro.
- Controle de Infraestrutura: A terceira opção é um plano mais complexo para enviar forças antiterroristas americanas com o objetivo de assumir o controle de aeroportos, campos de petróleo e outras infraestruturas críticas do país.
*Com informações do Estadão
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