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IA para reflorestar Amazônia: como startup brasileira re.green venceu prêmio global do príncipe William

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Projeto inovador usa drones, inteligência artificial e dados ecológicos na meta de restaurar 1 milhão de hectares na Amazônia e Mata Atlântica até 2032, unindo tecnologia e preservação ambiental.

A aplicação de IA para reflorestar Amazônia e a Mata Atlântica levou uma empresa brasileira a um reconhecimento global de prestígio. A re.green, uma startup de tecnologia climática (climate tech) fundada em 2021, foi anunciada como uma das vencedoras do renomado Earthshot Prize 2025. Esta premiação, idealizada pelo príncipe William, é frequentemente descrita como o “Nobel do Meio Ambiente” e destina-se a descobrir, celebrar e escalar soluções de impacto que enfrentam os maiores desafios climáticos do planeta.

O projeto da re.green destacou-se por sua abordagem sistêmica e tecnologicamente avançada. A empresa combina o uso de inteligência artificial, imagens de satélite de alta resolução e drones para otimizar a restauração de vastas áreas degradadas nos dois biomas mais ameaçados do Brasil. A meta estipulada é ambiciosa: reflorestar 1 milhão de hectares até o ano de 2032, o que equivale a uma área superior a seis vezes a da cidade de São Paulo, provando que é possível unir recuperação ecológica com modelos de negócios viáveis.

O que é o Earthshot Prize e o impacto da premiação

O Earthshot Prize foi lançado em 2020 pela The Royal Foundation e busca cinco vencedores anuais, cada um representando uma das cinco “Earthshots” ou metas: Proteger e Restaurar a Natureza, Limpar Nosso Ar, Reviver Nossos Oceanos, Construir um Mundo Sem Desperdício e Consertar Nosso Clima.

A vitória da re.green na categoria “Proteger e Restaurar a Natureza” não apenas confere prestígio internacional, mas também um subsídio financeiro significativo e acesso a uma rede global de investidores e parceiros. Este reconhecimento valida a abordagem brasileira como uma das soluções mais promissoras do mundo para o reflorestamento em larga escala, um pilar crucial no combate às mudanças climáticas. A iniciativa se diferencia por não ser apenas um projeto de plantio, mas uma operação logística e analítica complexa.

Tecnologia de ponta: como a IA para reflorestar Amazônia funciona

O diferencial da re.green reside na sua capacidade de atuar em toda a cadeia do reflorestamento, desde a coleta de sementes nativas até a comercialização de créditos de carbono verificados. A empresa já demonstra capacidade operacional, cultivando cerca de 6 milhões de mudas e prevendo um salto para mais de 65 milhões nos próximos anos.

Para gerenciar este desafio logístico, a tecnologia é fundamental. A companhia utiliza drones para mapeamento aéreo e, em alguns casos, para a dispersão de sementes (plantio aéreo). Estes dados são combinados com imagens de satélite e análises ecológicas de campo.

É aqui que a inteligência artificial entra como o cérebro da operação. Os algoritmos de IA da re.green processam essa enorme quantidade de dados para:

  1. Avaliar o potencial: A IA analisa o nível de degradação e o potencial de recuperação natural de cada área.
  2. Calcular custos: Estima com precisão os custos logísticos e operacionais para cada hectare.
  3. Estimar carbono: Projeta a capacidade de captura de carbono da futura floresta, essencial para a viabilidade financeira do projeto.
  4. Definir o modelo: Ajuda a decidir qual o melhor modelo de restauração (plantio total, nucleação ou condução da regeneração natural).

Atualmente, a empresa opera em mais de 34 mil hectares, distribuídos estrategicamente em estados cruciais para a biodiversidade: Bahia, Pará, Maranhão e Mato Grosso. Deste total, metade já se encontra em processo ativo de restauração.

Um modelo de negócio sustentável e escalável

Para viabilizar a restauração de 1 milhão de hectares, a re.green não depende de um único método. A empresa aplica duas estratégias principais de aquisição e parceria fundiária:

  • Compra de terras: A empresa adquire ativamente propriedades que apresentam baixa produtividade pecuária. Essas áreas, muitas vezes degradadas pela pecuária extensiva, são transformadas em zonas de restauração permanente.
  • Arrendamento e parceria: Neste modelo, proprietários rurais que possuem áreas degradadas em suas fazendas podem firmar parcerias. A re.green implementa o projeto de restauração e o proprietário participa dos lucros futuros, seja pela venda de créditos de carbono ou outros produtos da bioeconomia.

Além desses modelos privados, a re.green já planeja uma terceira via de expansão: atuar futuramente em áreas públicas. Isso seria feito por meio de concessões do governo, permitindo à empresa aplicar sua tecnologia para restaurar florestas públicas degradadas, ampliando massivamente o impacto ambiental positivo.

Foco na biodiversidade: mais do que apenas árvores

A metodologia da re.green vai além do simples plantio. Cada área de restauração recebe um plano personalizado, desenvolvido com base nas condições ecológicas locais e no histórico de uso do solo. A empresa prioriza o uso de espécies nativas e regionais, garantindo que a floresta restaurada seja resiliente e funcional.

Para isso, a companhia trabalha com uma rede de 22 parceiros estratégicos, incluindo a Bioflora, um dos maiores viveiros do país, capaz de produzir milhões de mudas por ano.

Após o plantio, o trabalho não termina. Um sistema de monitoramento constante, que também utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto, garante que as florestas estejam se regenerando adequadamente. Este acompanhamento é vital para medir com precisão o sequestro de carbono, que é a principal métrica para a geração dos créditos vendidos no mercado voluntário.

O objetivo final é duplo: restaurar ecossistemas complexos e capturar até 15 milhões de toneladas de CO₂ por ano. Com a chancela do Earthshot Prize, a re.green busca agora expandir suas operações e firmar novas parcerias com grandes corporações e investidores públicos, consolidando a tecnologia brasileira como uma força motriz na preservação da Amazônia e no combate à crise climática global.

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